quinta-feira, junho 17, 2010

Lawrence Durrell: Justine (Quarteto de Alexandria vol.I)


"- O que eu procuro sem cessar é uma vida que valha a pena ser vivida. Se eu morresse, ou enlouquecesse, talvez conseguisse dar a vida a todas essas coisas que existem em mim e que se não conseguem exprimir. O médico a quem eu amei disse-me que eu era uma ninfomaníaca, mas garanto-te que não existe nenhuma voracidade, nenhuma condescendência no meu prazer. Tu dizes que tenho o prazer triste dos puritanos. Também isso é uma injustiça que me fazes. O meu prazer é trágico.

(...) - Era um pouco como se no seu universo faltasse uma dimensão e que o amor se tivesse tornado uma espécie de idolatria interior.

(...) - A minha vida é essa tal ferida não cicatrizada de que me fala, e que tento preencher com pessoas, acidentes, doenças, tudo quanto calha. Para chegar a aceitar-me tenho de reunir todos os destinos do meu carácter e queimá-los.

(...) - Justine deu-me sempre a ideia de uma sonâmbula surpreendida no momento em que se prepara para cruzar um precipício; se alguém lhe grita para a acordar, é a catástrofe. Tudo quanto se pode fazer é segui-la em silêncio, na esperança de a afastar gradualmente dos abismos que a espreitam."

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