A maior parte das pessoas, se soubesse o que sabe hoje, teria feito tudo ao contrário. E se o tempo pudesse andar para trás, ficaria feliz com a inóspita possibilidade de trilhar um caminho diferente. Mas, sobretudo, claro, com a possibilidade de repetir a juventude, que é sempre tão esplendorosa e imaculada... quando vista à distância. A maior parte das pessoas, se pudesse, ofereceria de bom grado a alma ao diabo para ter 18 anos a vida inteira, pele esticada, bíceps no lugar, no peito as ambições todas ainda por vir: a carreira, o poder, o prestígio, o luxo, as casas, os carros, tudo no plural, tudo o que a sociedade nos formatou para desejarmos. A felicidade na proporção do que o dinheiro pode comprar. O mundo inteiro na palma da mão. De preferência, com uma legião de lacaios por perto, naturalmente.
Não sabendo nada do hoje move a maioria, eu daria tudo (menos a alma) para ter já 60 anos, usar chapéu de palha ao nascer do dia, ter só dois vestidos no armário, pés descalços ao entardecer, retirar-me tranquilamente deste circo e viver o resto dos dias numa casa de pescador no Alentejo rodeada de livros e pessoas, poucas, que não sabem o que são gadgets, nem ferramentas topo de gama, nem redes sociais, nem trampolins profissionais, nem atropelos e afins. Viver só do que dinheiro nenhum pode comprar. O céu inteiro na palma da mão. De preferência, com uma legião de estrelas por cima. Cadentes também, naturalmente.
Só troco o Alentejo pelos Açores, de resto assino por baixo. Com a vantagem (?) de estar bem mais perto dos 60
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