"Ontem a lua soltou-se, declinou e caiu fora do cenário - que perda incrível; parte-se-me o coração só de pensar nisso. Não há coisa alguma, na ordem dos ornamentos e decorações, comparável à sua beleza e acabamento. Devia estar mais bem presa. Se ao menos a pudéssemos ter de volta...
Mas claro que ninguém sabe para onde é que ela foi. Para além disso, quem quer que a apanhe esconde-a; sei-o porque é o que eu própria faria. Acho que sei ser honesta em todos os assuntos, mas já começo a perceber que o centro e o núcleo da minha natureza é o amor belo, a paixão do belo, e que não seria seguro confiarem-me a lua que pertencesse a outra pessoa, se essa pessoa não soubesse que eu a tinha.
Poderia desistir de uma lua que encontrasse à luz do dia, por causa do medo de que alguém me estivesse a observar; mas se a encontrasse no escuro, tenho a certeza que acharia algum tipo de justificação para não contar a ninguém. Porque eu amo luas, são tão bonitas e românticas. Oxalá tivéssemos cinco ou seis; nunca iria para a cama; nunca me cansaria de as mirar, deitadinha no musgo..."
Mark Twain in Os diários de Adão e Eva
Sem comentários:
Enviar um comentário