Penélope Cruz em dose dupla no cinema deste ano, duplamente irresistível. "Elegy" é uma adaptação da realizadora espanhola Isabel Coixet sobre o livro "O animal moribundo" de Philip Roth. E, como quase sempre, o livro é infinitamente melhor do que o filme. Mas, neste caso, não porque o filme seja necessariamente mau - não é. O livro é que é mesmo insuperável. E, seja como for, Penélope está perfeita. Aliás, não me ocorre alguém melhor para desempenhar aquela rapariga de origem cubana.
É verdade que o filme altera aqui e ali a história, aligeira-a, quase tudo o que nos sufoca no livro aparece ali de forma menos densa. Mas o essencial está lá: a improvável história de amor entre David, o professor de 70 anos tolhido pela insuportável ideia de estar a envelhecer, e a jovem aluna Consuela Castillo, 38 anos mais nova. Está lá o terramoto que isso provoca na vida dele, na vida de quem se julga incapaz de um amor assim. Está lá a inabalável relação de amor entre David e o poeta-pullitzer, Georgie, tão errante quanto o primeiro. E o vazio que fica na ausência de uma amizade assim. E está lá o amor que não se diz, às vezes nem sequer se mostra, entre David e Kenny, o filho que nunca perdou ao pai as curvas da vida.
"Só quando fodemos é que tudo aquilo de que não gostamos na vida e aquilo que nela nos derrota é puramente, ainda que momentaneamente, vingado. Só então estamos mais limpamente vivos e somos mais limpamente nós mesmos. A corrupção não é o sexo, a corrupção é o resto. O sexo não é apenas fricção e divertimento superficial. O sexo é também vingança contra a morte. Não esqueçam a morte. Não a esqueçam nunca."
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