Sem grande parafernália, o Teatro Plástico tem em cena (até depois de amanhã), no Espaço Passos Manuel, no Porto, "Eu não", micro peça de Samuel Beckett (1906-1987), tal e qual como o dramaturgo a concebeu, em 1972. Um palco que não se vê; uma voz vagamente iluminada que se basta. É tudo.
Francisco Alves volta a privilegiar o texto, a escolher um monólogo, a assinar uma encenação que não é um ponto de chegada, mas antes a indicação de um caminho. Parecendo demasiado simples, é, talvez, a escolha mais complexa do director. E a mais arrojada. O texto, em loop (interpretado por Romi Soares), é um jogo de intermitências: agarra-nos e solta-nos; leva-nos à Irlanda e devolve-nos ao lugar. Sucessivamente, até ao fim.
É história de uma mulher de 70 anos em rewind: desenterra o passado, vagueia pelas lágrimas que chorou desde que nasceu, senta-se sobre a solidão, deixa-se perturbar pelo zunido do tempo, antecipa a morte. Porquê o desabafo? Porque, para Beckett, o personagem só existe quando olham para ele. Se olham, ele tem que revelar-se. "Eu não", é mais sobre o silêncio do que sobre o que se diz.
Francisco Alves volta a privilegiar o texto, a escolher um monólogo, a assinar uma encenação que não é um ponto de chegada, mas antes a indicação de um caminho. Parecendo demasiado simples, é, talvez, a escolha mais complexa do director. E a mais arrojada. O texto, em loop (interpretado por Romi Soares), é um jogo de intermitências: agarra-nos e solta-nos; leva-nos à Irlanda e devolve-nos ao lugar. Sucessivamente, até ao fim.
É história de uma mulher de 70 anos em rewind: desenterra o passado, vagueia pelas lágrimas que chorou desde que nasceu, senta-se sobre a solidão, deixa-se perturbar pelo zunido do tempo, antecipa a morte. Porquê o desabafo? Porque, para Beckett, o personagem só existe quando olham para ele. Se olham, ele tem que revelar-se. "Eu não", é mais sobre o silêncio do que sobre o que se diz.
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