terça-feira, janeiro 25, 2011

Pretérito imperfeito

[Olivia Bee]

Tu sabes tudo, mas tudo fica só entre nós. E nós não sabíamos nada um do outro. Não sabíamos dos livros que nos roubariam as palavras, das canções que nos amorteceriam o silêncio, da dor que nos haveria de chupar até aos ossos. Não sabíamos nada de beijos envenenados. Beija-me. Mata-me. E dá-nos um epitáfio. Estaremos sempre lá, eu sei, nesse futuro antecipadamente roubado. Na promessa de que estaremos sempre lá sem estar. No coração, no pensamento, na barriga, nos lugares inventados para uma geografia que se não cumpre. Pretérito continuamente imperfeito. Amor que se prolongou no tempo, mas com início e fim no passado. 

1 comentário: