domingo, novembro 30, 2014
sábado, novembro 29, 2014
quarta-feira, novembro 26, 2014
Do circo mediático
Não é de agora que às vezes acho que estou na profissão errada. Trabalho há 14 anos e, salvo uma excepção de que me arrependo amargamente, nunca expus pessoas que estão manifestamente em situação de fragilidade. Seja pela idade ou por outra razão qualquer. Sejam pessoas conhecidas ou sobretudo desconhecidas. Como é que isto se faz? Contendo a adrenalina da profissão e prescindindo da notícia. Prescindi de muitas nestes 14 anos. E ouvi muitas vezes a crítica de que me pagam para fazer jornalismo e não acção social. Eu preferi sempre chamar-lhe respeito, pelas pessoas e pela profissão, mantendo a convicção de que aquela exposição não acrescentaria nada ao jornalismo. Acordei hoje a sentir que esta manhã foi particularmente infeliz para a profissão. E ainda não sabia que haveria de ver as declarações de Mário Soares que, estou certa, serão repetidas ad nauseam, como foram as que fez sobre Eusébio. Perguntar-me-ão: como é que se fazia, então? Não se dava? Não sei, sou eu que estou na profissão errada.
terça-feira, novembro 25, 2014
Do RERT
O último RERT (Regime Excepcional de Regularização Tributária) trouxe para Portugal nada menos do que 3,4 mil milhões de euros(!!!!). Povo português, que guarda (ou esconde, vá) o dinheiro lá fora para não pagar impostos nem revelar a sua proveniência. Da terceira versão deste programa, de 2012, conhecem-se, através de fugas de informação, dois beneficiários: Ricardo Salgado e Carlos Santos Silva (o amigo de Sócrates). E os outros? E por que razão quem soprou estes nomes encobre os outros? Vou voltar a dizer: 3,4 mil milhões de euros (!!!!).
Ver: http://expresso.sapo.pt/amnistia-fiscal-teve-duas-fugas-de-informacao-ricardo-salgado-e-o-amigo-de-socrates=f899627?sid=ex.sections%2F25703
segunda-feira, novembro 24, 2014
"Gosto de Sócrates"
Ainda bem que há entre nós um Sérgio Figueiredo. Um homem que não tem medo de gostar de um homem preso é um homem verdadeiramente livre. Li vários comentários ao texto dele, hoje, no DN, pessoas que dizem que se tivessem um amigo assim ou assado, nunca mais o procurariam. Pessoas que não sabem que gostar de alguém diz porventura mais de quem gosta do que de quem é gostado. Já não para não falar na regra de ouro da amizade: a incondicionalidade. Mas isso seria demasiado óbvio para ser dito.
Hoje, no DN
domingo, novembro 23, 2014
Dulce Maria Cardoso: Os meus sentimentos
"tréguas, a partir de hoje vai ser tudo diferente, ainda não sei como, o futuro é muito difícil de imaginar, esta sala não se parece nada com a sala que tinha imaginado para este dia, não tem os tectos trabalhados, as mobílias em madeira escura, candeeiros de vidro verde, mangas-de-alpaca e mata-borrões, papéis amarelecidos, homens de bigode envoltos em fumo e dobrados pela tosse, deixei-me enganar pelo passado, o futuro só precisa de imaginação, não precisa das recordações que estamos sempre a impingir-nos
(...) sei de tudo num tempo que não é este que está a passar, nem o que já passou, nem o que vai passar, um tempo planificado, acessível por inteiro como as estradas dos meus mapas, o tempo finalmente cartografado como as terras dos meus mapas, sítios que só existem para me esperarem, tempos que só existem para eu os percorra, de cabeça para baixo, suspensa pelo sítio de segurança, num momento em que já não posso existir, num momento que já não pode existir para mim
não há nada que o silêncio não mate"
[É de 2005, foi o segundo romance de Dulce Maria Cardoso, ganhou o Prémio PEN de ficção e o Prémio da União Europeia para a Literatura. É sobre a morte. Não sobre a morte física, como disse a autora, mas sobre "os vivos que são pedaços de mortes, morte do tempo, morte de sonhos, a morte de ideais, a morte que cada nascimento representa". É profundamente comovente. E original.]
sábado, novembro 22, 2014
Clara Ferreira Alves: A Justiça a que temos direito
A Justiça é antes de mais um código e um processo na sua fase de aplicação. Ou seja, obediência cega, essa sim cega, a um conjunto de regras que protegem os cidadãos da arbitrariedade. Do abuso de poder. Do uso excessivo da força. Essas regras têm, no seu nó central, uma ética. Toda e qualquer violação dessa ética é uma violação da Justiça. E uma negação dos princípios do Direito e da ordem jurídica que nos defendem.
Num caso de tanta gravidade como este, o da suspeita de crimes graves e detenção de um ex-primeiro-ministro do Partido Socialista, verifico imediatamente que o processo foi grosseiramente violado. Praticou-se, já, o linchamento público. Como?
1) Detendo o suspeito numa operação de coboiada cinemática, parecida com as de Carlos Cruz e Duarte Lima, a uma hora noturna e tardia, num aeroporto, quando não havia suspeita de fuga, pelo contrário. O suspeito chegava a Portugal. Porque não convocá-lo durante o dia para interrogatório ou levá-lo de casa para detenção?
2) Convidou-se uma cadeia de televisão a filmar o acontecimento. Inacreditável.
3) Deram-se elementos que, a serem verdadeiros, deviam constar em segredo de Justiça. Deram-se a dois jornais sensacionalistas, o "Correio de Manhã" e o "Sol", que nada fizeram para apurar o que quer que seja. Nem tal trabalho judicial lhes competia. Ou seja, a Justiça cometeu o crime de violação do segredo de Justiça ou pior, de manipulação do caso, que posso legitimamente suspeitar ser manipulação política dadas as simpatias dos ditos jornais pelo regime no poder. Suspeito, apenas. Tenho esse direito.
4) Leio, pela mão da jornalista Felícia Cabrita, no site do "Sol", pouco passava da hora da detenção, que Sócrates (entre outros crimes graves) acumulou 20 milhões de euros ilícitos enquanto era primeiro-ministro. Alta corrupção no cargo. Milhões colocados numa conta secreta na Suíça. Uma acusação brutal que é dada como certa. Descrita como transitada em julgado. Base factual? Fontes? Cuidado no balanço das fontes, argumentos e contra-argumentos? Enunciado mínimo dos cuidados deontológicos de checking e fact-checking? Nada. Apenas "o Sol apurou junto de investigadores". O "Sol" não tem editores. Tem denúncias. Violações de segredo de Justiça. Certezas. E comenta a notícia chamando "trituradora" de dinheiro aos bolsos de Sócrates. Inacreditável.
5) Verificamos apenas, num estilo canhestro a que a biógrafa de Passos Coelho nos habituou (caso Casa Pia, entre outros) que a notícia sai como confirmada e sustentada. Se o Watergate tivesse sido assim conduzido, Nixon teria ido preso antes de se saber se era culpado ou inocente. No jornalismo, como na justiça, há um processo e uma ética. Não neste jornalismo.
6) Neste momento, não sei nem posso saber se Sócrates é inocente ou culpado. Até prova em contrário é inocente. In dubio pro reo. A base de todo o Direito Penal.
7) Espero pelo processo e exijo, como cidadã, que seja cumprido à risca. Não foi, até agora. Nem neste caso nem noutros. Isto assusta-me. Como me assustou no caso Casa Pia. Esta Justiça de terceiro mundo aterroriza-me. Isto não acontece num país civilizado com jornais civilizados. Isto levanta-me suspeitas legítimas sobre o processo e a Justiça, e neste caso, dada a gravidade e ataque ao regime que ele representa, a Justiça ou age perfeitamente ou não é Justiça.
8) Verifico a coincidência temporal com o Congresso do PS. Verifico apenas. Não suspeito. Aponto. E recordo que há pouco tempo um rumor semelhante, detenção no aeroporto à chegada de Paris, correu numa festa de embaixada onde eu estava presente. Uma história igual. Por alturas da suspeita de envolvimento de José Sócrates no caso Monte Branco. Aponto a coincidência. Há um comunicado da Procuradoria a negar a ligação deste caso ao caso Monte Branco. A Justiça desmente as suas violações do segredo de Justiça. Aponto.
9) E não, repito, não gosto de José Sócrates. Nem desgosto. Sou indiferente à personagem e, penso, a personagem não tem por mim a menor simpatia depois da entrevista que lhe fiz no Expresso há um ano. Não nos cumprimentamos. Não sou amiga nem admiradora. É bizarro ter de fazer este ponto deslocado e sentimental mas sei donde e como partem as acusações de "socratismo" em Portugal.
10) As minhas dúvidas são as de uma cidadã que leu com atenção os livros de Direito. E que, por isso mesmo, acha que a única coisa que a Justiça tem a fazer é dar uma conferência de imprensa onde todos, jornalistas, possamos estar presentes e fazer as perguntas em vez de deixar escorregar acusações não provadas para o "Correio da Manhã" e o "Sol". E quejandos. Não confio nestes tabloides para me informarem. Exijo uma conferência de imprensa. Tenho esse direito. Vivo num Estado de Direito.
11) Há em Portugal bom jornalismo. Compete-lhe impedir que, mais uma vez, as nossas liberdades sejam atropeladas pelo mau jornalismo e a manipulação política.
12) Vou seguir este processo com atenção. Muita. Ou ele é perfeito, repito, ou é a Justiça que se afundará definitivamente no justicialismo. Na vingança. No abuso de poder. Na proteção própria. O teste é maior para a Justiça porque é o teste do regime democrático. E este é mais importante que os crimes atribuídos a quem quer que seja. Não quero que um dia, como no poema falsamente atribuído a Brecht, venham por mim e não haja ninguém para falar por mim. A minha liberdade, a liberdade dos portugueses, é mais importante que o descrédito da Justiça. A Justiça reforma-se. A liberdade perde-se. E com ela a democracia.
Hoje, no Expresso
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José Sócrates
sexta-feira, novembro 21, 2014
"Dois metros quadrados" by Rui Oliveira e Ana Oliveira
Hoje vimos um documentário sobre pessoas que ganham 178 euros de RSI e pagam 150 por um quarto. Sobre pessoas que ganham 178 euros e dormem na rua, porque assim sempre têm a sensação de ter mais dinheiro para gerir. Sobre pessoas que ganham 178 euros e a quem a pensão vai ser cortada, porque, como dizia o senhor Moisés no dito documentário, "a tesoura de Passos Coelho nunca tem preguiça".
Há um mês vimos outro documentário, no parlamento, em tempo real. Uma senhora anunciava que nos devolveria um bocadinho de IRS se todos em conjunto metêssemos muitos, muitos, mas mesmo muitos cupões na tômbola do Estado. Anteontem vimos uma comédia, também no parlamento, com dois senhores a fazerem figuras tristes porque afinal não estão de acordo em relação ao IRC. E por estes dias temos seguido uma novela, que tem muito de intriga mas zero de suspense, porque já lhe conhecemos o fim, que será mais uma factura para pagarmos.
O país não tem dinheiro, os sem abrigo são gente manhosa que não quer trabalhar, nós, claro, vivemos acima das nossas possibilidades, o PS e o PSD não se entendem em relação a nada, mas entenderam-se tão bem e tão depressa em relação a isto!
Eu já tinha decidido há muito tempo que nunca mais voltaria a votar. Mas agora espero também que ninguém se esqueça desta manchete quando daqui a seis meses as ruas se encherem de senhores e pedir beijinhos e a prometer o céu.
terça-feira, novembro 18, 2014
Aniversário (de ausência)
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes."
In 'Um Sítio onde Pousar a Cabeça'
MANUEL ANTÓNIO PINA
18 de Novembro 1943 - 19 de Outubro 2012
segunda-feira, novembro 17, 2014
Helena Matos: Elogios para Miguel Macedo: porquê?
Portugal tem uma paixão por obituários: uma criatura morre e sobe aos píncaros. Este banho lustral de água benta que proporcionamos aos mortos tem o seu reverso numa atitude chocarreira perante os vivos, atitude essa alimentada em não sei quantos espaços mediáticos em que se estimula ao vivo, em directo e com a conivência assertiva dos pivots, o lado pior de cada um de nós: só querem é poleiro; estão lá para se encher; são todos iguais…
Esta nossa fixação fúnebre tem sido alargada nos últimos anos à política: um ministro é péssimo, não vale nada, sabe-se lá no que está metido… pede a demissão, ou seja redime-se do pecado original de estar na política activa, e passa a herói nacional. Miguel Macedo é o último protagonista deste percurso que leva alguns portugueses do patamar da nulidade ao de grande político (ou de “maravilhoso ser humano” como dizem os membros desse fantástico clube que dá pelo nome de famosos).
Desculpem mas não entendo por que se elogia Miguel Macedo neste momento. Das duas uma: ou tem de facto responsabilidades nos casos de corrupção – neste momento nada o indica – e nesse caso a demissão seria uma forma de branquear o seu comportamento menos adequado, ou não tem responsabilidade alguma e, numa jogada de estratégia política, demite-se. O mundo político-comentador, sobretudo essa estranha sub-espécie de políticos-comentadores que surgiu e se multiplicou nos estúdios de televisão portugueses, comoveu-se e aplaudiu o pedido de demissão de Miguel Macedo. As oposições ficaram igualmente felizes porque tendo de se conformar com o facto de o Governo não cair em bloco na rua passou a apostar na estratégia da queda pecinha a pecinha por força dos escândalos. E Miguel Macedo era uma pecinha importante! Uma espécie daqueles lego que conjugam peças de diferentes tamanhos.
O Governo não fica propriamente infeliz com a demissão do MAI, quanto mais não seja porque uma vez na vida foi elogiado. Infelizmente no meio desta felicidade geral sobramos nós, cidadãos comuns. E nós não ganhámos nada de bom: vamos ter um novo ministro numa pasta sensível e sobretudo mais uma vez vimos triunfar esta irresponsável mas consensual ideia de que ao primeiro problema sério os responsáveis se demitem.
Não por acaso pedir demissões é um desporto nacional e um desporto em que quem solicita a queda nem sequer é confrontado com as consequência do que diz: o que teríamos nós ganho se Nuno Crato se tivesse demitido em plena crise de colocação de professores? Nós nada. As corporações do sector tudo. E agora que a crise da legionella está a chegar ao fim e Paulo Macedo é unanimemente elogiado convém recordar os sucessivos pedidos de demissão do ministro da Saúde. Teria sido mesmo melhor que Paulo Macedo se tivesse demitido, como por exemplo têm exigido o Movimento de Cidadãos pela Defesa dos Serviços Públicos de Saúde do Algarve e João Semedo do BE?
Aliás para boa parte da sociedade portuguesa que manifesta uma óbvia dificuldade em aceitar os resultados eleitorais quando estes não confirmam a sua superioridade moral, a única decisão que lhes merece apoio por parte dos governantes é a demissão. Logo, um governante de um governo democraticamente eleito quando se demite sem que para tal exista razão, tem de pensar que esse seu gesto implica ceder à rua, ao diz que disse e à insinuação.
Por fim mas não por último não vamos falar de refrescos a propósito dos governos. O refresco é uma bebida e o refrescamento o resultado das correntes de ar ou do ar condicionado. Logo vir a propósito desta ou doutra demissão com a tese de que serve para o Governo se refrescar é uma daquelas coisas que ao certo não quer dizer nada mas se repete muito porque mediaticamente faz sempre efeito. Os Governos governam (ou pelo menos tal se deseja) e se os comentadores e jornalistas querem tratar contínuas entradas e saídas é melhor trocarem o mundo da política pelo do futebol ou das novelas com as suas espectaculares contratações e rescisões.
Não condeno Miguel Macedo por se ter demitido: pessoalmente não teria paciência para aturar um centésimo daquilo que implica ser político em Portugal, sobretudo se não for respectivamente do PCP, do BE ou do CDS. Mas também não o elogio. Não acho que Miguel Macedo tenha posto a fasquia mais alta quando se demitiu. Antes pelo contrário, tal como Jorge Coelho quando pediu a demissão por causa da queda de uma ponte com a qual nada tinha a ver, Miguel Macedo pôs a fasquia mais baixa: ao nível da reportagem ululante e do comentário do popular indignado que pedem responsabilidades com a mesma atrabiliária fúria com que nos filme do Tarzan os feiticeiros exigem o sacrifício de um membro da tribo pala aplacar os vulcões.
Deste caso dos vistos gold todos recordaremos que o ministro se demitiu. E isso serve para quê? Infelizmente até pode servir para que se atenue a pressão sobre os responsáveis: lembram-se da satisfação pátria porque em Entre-os-Rios a culpa não podia morrer solteira e à falta de melhor candidato Jorge Coelho prometeu-lhe casamento e demitiu-se? A quem já não se recordar lembro que após um complicado processo ninguém foi condenado pelo desastre da ponte. Continuamos sem nada saber sobre extracção de areias e conservação de pontes. Mas a Pátria rejubilou e rejubila porque a culpa não morreu solteira. Pois não, para nossa desgraça continua a andar por aí à procura de incauto noivo enquanto a sua verdadeira família descansa e cresce.
Demitir-se por aquilo que não é da sua responsabilidade não é difícil para um político. Em resumo, Miguel Macedo fez bem a si mesmo quando se demitiu. O que humanamente se entende, politicamente foi bem visto mas que na verdade não nos resolveu problema algum. Antes pelo contrário.
Hoje, no Observador
Slavoj Zizek
"Há dois tipos de cinismo: o cinismo amargo dos oprimidos que desmascara a hipocrisia dos que estão no poder, e o cinismo dos próprios opressores que violam abertamente os seus próprios proclamados princípios."
domingo, novembro 16, 2014
Interstellar by Christopher Nolan
Do not go gentle into that good night,
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.
And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
(Dylan Thomas, 1914 -1953)
Old age should burn and rave at close of day;
Rage, rage against the dying of the light.
Though wise men at their end know dark is right,
Because their words had forked no lightning they
Do not go gentle into that good night.
Good men, the last wave by, crying how bright
Their frail deeds might have danced in a green bay,
Rage, rage against the dying of the light.
Wild men who caught and sang the sun in flight,
And learn, too late, they grieved it on its way,
Do not go gentle into that good night.
Grave men, near death, who see with blinding sight
Blind eyes could blaze like meteors and be gay,
Rage, rage against the dying of the light.
And you, my father, there on the sad height,
Curse, bless, me now with your fierce tears, I pray.
Do not go gentle into that good night.
Rage, rage against the dying of the light.
(Dylan Thomas, 1914 -1953)
quinta-feira, novembro 13, 2014
Rui Massena na Casa da Música
Conheço muita gente que não gosta do Rui Massena. Conheço muita gente que adora o Rui. E conheço muita gente que não o conhece. Conhecer mesmo. Ou mais, pelo menos. Mais do que o rapaz despenteado, o maestro estouvado, a figura que apadrinha talentos televisivos, comenta a bola e apoiou Menezes. Mais do que só o programador de Guimarães 2012. Conheci-o em 2008, numa entrevista de quatro horas, ele maestro a estrear-se na Casa da Música, casa cheia. E sempre quis conhecer o compositor que tinha a certeza que ele também era. Seis anos depois, eis o disco. E o regresso a casa, à Casa, outra vez cheia. É hoje! E vai ser tão bom.
segunda-feira, novembro 10, 2014
domingo, novembro 09, 2014
sexta-feira, novembro 07, 2014
37
Quando a Ana, a minha melhor amiga, mudou de casa (cinquenta quilómetros aos onze anos é outro continente), decidi que não queria ter mais amigos. Passava só os dias angustiada à espera dos dias de estar com ela. Depois, lá acabei por fazer novos amigos. Dos maiores do mundo. Quando, no décimo ano, mudei de turma, não quis fazer novos amigos. Só me interessava os amigos maiores que já tinha. Acabei por fazer amigos para a vida. Quando entrei na faculdade, não queria conhecer ninguém. Morria só de saudades dos amigos de casa. Acabei por fazer amigos de sangue. Quando comecei a trabalhar, tinha a porta fechada para toda a gente que não fosse a minha gente. Fiz amigos que são a minha vida e sem os quais a minha vida não seria a minha vida. Quando me inscrevi no facebook, sabia que jamais faria amigos virtuais, amigos só os da vida real. Sem o facebook, talvez não tivesse conhecido o Esquilo, um dos amigos que mais absolutamente amo. E, por estes dias, não tivesse reencontrado, ao fim de vinte anos!, o André, o meu milagre de natal antecipado. E sem o passar dos anos, talvez não tivesse aprendido que na vida não tem de ser tudo ou nada.
Passei a vida a construir castelos no coração e grande parte da vida a ouvir dizer que um dia haveria de crescer e de me deixar disso. Talvez ainda não tenha crescido. Sou difícil, tenho um feitio impossível, desapareço muitas vezes, emudeço e, já sei, quase nunca atendo o telefone. Mas olhar para o coração e ver que estão cá os castelos todos, muitos mais do que os que pedi, infinitamente mais do que os que mereço, os amigos todos, os que são a minha casa, a minha vida e o meu sangue, nenhum desmoronamento, que ninguém ficou para trás nem me deixou para trás, que se juntaram pessoas que me tratam com uma ternura que não mereço, é o maior privilégio que poderei alguma vez ter.
Sou a pessoa mais mimada que eu própria conheço. A culpa é inteiramente vossa, o mérito de estarmos juntos também. A gratidão é, para sempre, toda minha. ♥
terça-feira, novembro 04, 2014
segunda-feira, novembro 03, 2014
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