quarta-feira, novembro 26, 2014

Do circo mediático


Não é de agora que às vezes acho que estou na profissão errada. Trabalho há 14 anos e, salvo uma excepção de que me arrependo amargamente, nunca expus pessoas que estão manifestamente em situação de fragilidade. Seja pela idade ou por outra razão qualquer. Sejam pessoas conhecidas ou sobretudo desconhecidas. Como é que isto se faz? Contendo a adrenalina da profissão e prescindindo da notícia. Prescindi de muitas nestes 14 anos. E ouvi muitas vezes a crítica de que me pagam para fazer jornalismo e não acção social. Eu preferi sempre chamar-lhe respeito, pelas pessoas e pela profissão, mantendo a convicção de que aquela exposição não acrescentaria nada ao jornalismo. Acordei hoje a sentir que esta manhã foi particularmente infeliz para a profissão. E ainda não sabia que haveria de ver as declarações de Mário Soares que, estou certa, serão repetidas ad nauseam, como foram as que fez sobre Eusébio. Perguntar-me-ão: como é que se fazia, então? Não se dava? Não sei, sou eu que estou na profissão errada.

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