sábado, setembro 18, 2010

Imprensa a criar excêntricos todas as semanas

"Temos 3,5 milhões de pensionistas; 2,2 milhões de estudantes; do pré-primário ao universitário, subsidiados pelo Estado através de propinas simbólicas e apoios da Eacção Social Escolar; temos 700 mil funcionários públicos, não incluindo os funcionários da profusão de empresas públicas e municipais, institutos públicos, fundações públicas e sei lá que mais; e temos 300 mil desesmpregados a receberem subsídio de desesmprego, mais os que recebem RSI. Façam as contas: são sete milhões de portugueses, dois terços da população, que vivem integralmente dependentes ou subsidiados em grande parte pelo Estado. Nem Esparta! Já nem Cuba! Talvez só a Coreia do Norte!"
Miguel Sousa Tavares, Expresso

"A política social é provavelmente a mais virtuosa e útil acção dos políticos - ela reconhece o evidente: como não existe distribuição equitativa de inteligência ou de posição social á nascença, é inteiramente justo que o Estado arrecade parte da riqueza e a redistribua para suavizar essas diferenças. Mas isso não significa que se possa gastar dinheiro como dantes."
Martim Avillez Figueiredo, Expresso

"Os dois grandes falhanços da revolução de 1974 são a justiça e a educação - mas não a saúde. Em 1974, Portugal tinha uma das mais elevadas taxas de mortalidade infantil do mundo (80 por mil). Hoje, tem a quarta mais baixa do mundo e a terceira da Europa (3 por mil). (...) A esperança média de vida aumentou mais de dez anos desde 1974. (...) A proposta do PSD sobre o SNS precisa de ser mais bem explicada. Em primeiro lugar, porque os cidadãos que ganham mais também pagam mais impostos, parte dos quais são supostamente dirigidos para para suportar o SNS. Com grande probabilidade, metade dos utentes do SNS não paga sequer impostos porque os seus rendimentos os isentam. Em segundo, é diferente pagar mais alguma coisa em taxas moderadoras do que pagar intervenções cirúrgicas ou tratamentos prolongados - e aí são muito poucos os portugueses da classe média com capacidade para o fazer. E em terceiro, se bem que seja muito atraente a ideia de podermos escolher a que hospital ir, seja ele público ou privado, mantendo sempre o apoio do Estado, ela precisa de ser muito bem analisada."
Nicolau Santos, Expresso

"É esta a chave para Portugal escapar ao FMI: elaborar um orçamento credível para o próximo ano e cumprir o défice com que se comprometeu no programa de Estabilidade e crescimento: 7,3% este ano, 4,6% em 2011 e 3% em 2012. fazer isto já exigirá um esforço brutal no próximo  ano. É funadamental que esse esforeço venha, em grande parte, da despesa. É isto que se exige ao Governo. É isto que se exige a uma oposição responsável: que aprove um bom orçamento. E, finalmente, é bom também não entrar numa escalada de exigências irrealizáveis, que depois nos possam descredibilizar."
Idem, ibidem

"Estamos num momento em que a pedagogia é vital, em que a política deve ser feita com base no conhecimento, diálogo e proximidade. [Isso implica] mudar de políticas e de políticos. De políticas porque chegámos ao fim de um modelo que acreditava que tudo era ilimitado: o crescimento, o consumo, as matérias-primas e o crédito. Temos de reconverter este modelo para o paradigma da finitude, do limitado. E de políticos, no sentido em que o modelo das últimas décadas, o político vanguardista e voluntarista, que tem um projecto para a sociedade e é questão de vontade e dimensão fazer com que a sociedade o siga, está condenado: a sociedade é muito melhor que a política - como se vê em Portugal. O bom político não é aquele que é muito determinado, é o que que faz composição com a sociedade."
Manuel Maria Carrilho, em entrevista ao Expresso


"Promover colectivamente um pequeno grupo de 'estranhos', sem protecção, a bode expiatório de uma crise grave e à superfície irresolúvel é uma antiga técnica do populismo, que Sarkozy (como Hitler) não hesitou em usar. Só que, por força, ela estabelece sempre sem exame uma culpa colectiva e aponta ao cidadão comum os 'culpados' de um 'crime' imaginário. Qual é o verdadeiro 'crime' dos ciganos? Em primeiro lugar, a raça (uma noção mais do que ambígua). em segundo lugar, a cultura, que neste caso incluiu o nomadismo. E, em terceiro lugar, a recusa de se 'integrar' na sociedade francesa, presumindo que existe um único modelo de 'sociedade francesa'. Ora, como muitas vezes já se verificou, estas três razões levam directamente ao ódio e à perseguição".
Vasco Pulido Valente, Público


"Inimigo do consenso, Sarkozy criou uma ideologia à sua medida. E até começou bem o mandato. Cortou, felizmente, com a insuportável prática do gaullismo, dirigista, plebiscitária, retórica e imperial. Acabou, felizmente,  com os complexos de esquerda que mantiveram Giscard e Chirac. Fez, felizmente, convites governamentais à esquerda. Esvaziou, felizmente, a Frente Nacional. Deu por finda, felizmente, a hostilidade aos americanos e ao absentismo em matéria de defesa. Discutiu, felizmente, o modelo social francês, que não é mais possível sem um crescimento económico sustentado. Argumentou, felizmente, em favor de um liberalismo regulado. Questionou, felizmente, aquele presidencialismo defeituoso que dilui as responsabilidades dos agentes políticos. Esse é o Sarkozy que os franceses elegeram em 2007 e que alimentou grandes esperanças nas direitas europeias, incluindo no presente cronista. Porém, chegado ao terceiro ano do seu mandato, Sarkozy é de facto uma decepção."
Pedro Mexia, Público


"O espectáculo de mendicidade que a Federação exibiu esta semana não é apenas um embaraço para o país; é a expressão de uma pobreza mental que, ao contrário da outra, nem todos os Orçamentos de Estado serão capazes de resolver ou iludir."
João Pereira Coutinho, Correio da Manhã

Sem comentários:

Enviar um comentário