terça-feira, abril 29, 2008

Rainer Maria Rilke: cartas a um jovem poeta

(...) Sabemos muito poucas coisas, mas a certeza de que devemos sempre preferir o difícil não nos deve, jamais, abandonar. É bom estar só, porque a solidão é difícil. Se uma coisa é difícil, razão mais forte para a desejar. Amar também é bom porque o amor é difícil. O amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais alto testemunho de nós próprios, a obra suprema em face da qual todas as outras são apenas preparações. Na medida em que estamos sós, o amor e a morte tocam-se. As exigências dessa terrível empresa que é o amor através da nossa vida não são à medida dessa vida e jamais estaremos à altura de merecer o amor desde os primeiros passos. Mas se, à força da constância, consentirmos em suportá-lo como dura aprendizagem, em vez de nos dispersarmos em brinquedos fáceis e frívolos que permitem que os homens se furtem à gravidade da existência, talvez um progresso insensível, um certo alívio possa então resultar para aqueles que nos seguirem, muito tempo ainda depois da nossa morte (...) Toda a aprendizagem é um tempo de clausura.

domingo, abril 27, 2008

Ana Drago

"A Beleza não é atributo que possa ser-me consignado".
Importa-se de repetir?
Ana Drago, 32 anos, deputada do BE, Farpas JN

domingo, abril 20, 2008

[Foto: Guillaume Pazat]

"Amamos o que desconhecemos. Mais do que tudo, é o que desconhecemos, e não podemos vir a conhecer, que nos prende. O amor vive dessa ignorância." Pedro Paixão

sábado, abril 19, 2008

Não há príncipe azul no elefante cor-de-rosa by Rute Rosas, na Miguel Bombarda

"(...) Será toda a frase uma afirmação de impossibilidade e incerteza?
Percebemos que é preciso revelar, entender, digerir. Que nada é aquilo que parece.
E com o que é que deparamos na exposição?
Entramos num cenário: verdadeiro ou falso?
Realidade ou ficção?
O que aconteceu aqui, neste lar?
Talvez castelo abandonado. Alegria, prazer, isolamento e solidão, mal-estar, dor, abandono...?Então, porque apesar de ausente o corpo, a sua presença ainda é mais fortemente sentida?
Não está aqui! Como?
Não tem Rute Rosas tida como centro fulcral do seu discurso, o próprio corpo?
O corpo transcende-se quando não existe.
Transforma-se em memória que não pertence à artista mas ao espectador.
Percebemos que podemos estar, estar apenas...."
João Baeta

HOJE: Espaço Ilimitado

HABITAT by Volker Schnüttgen‏, na Miguel Bombarda


"HABITAT une escultura contemporânea, dança e multimédia. Foi concebido como performance e como instalação de escultura. Cada uma das seis esculturas tem um monitor no seu interior. Estes monitores são uma extensão virtual do espaço real das esculturas, formando palcos virtuais para a coreografia. Ao contrário das esculturas materializadas, o espaço virtual permite uma dinâmica distinta e especial, alterando e modelando perspectivas, proporções e pontos de vista. Os bailarinos actuam num ecrã, mas nas esculturas adaptam-se a cada novo habitat, quer estejam sós ou acompanhados de múltiplos clones em diálogo com o seu passado recente mostrado no ecrã. O ambiente arquitectónico, o real e o virtual, torna-se o tema da coreografia."
HOJE: Galeria Arthobler, 16h-20h

sexta-feira, abril 18, 2008

Inês Nadais in Luna Park


Se sexta-feira sem Ípsilon não é sexta-feira, Ípsilon sem Inês Nadais não é Ípsilon. Inês Nadais é tão alucinada, tão cínica, tão retorcida às vezes, como só os muito bons cronistas (e jornalistas, no caso dela) podem ser. Mesmo que escrevesse mal, Inês Nadais seria sempre, pelo menos, original. Mas além de sempre original, Inês Nadais escreve superlativamente bem.

Inês Nadais deve ter, para quem não sabe, e se é que eu sei, 31 anos, mais coisa menos coisa, mas Inês Nadais é as gerações todas. As gerações todas dos livros, dos discos, dos filmes, da geografia mundial. É daquele tipo de cronista que pode escrever apenas sobre o seu próprio universo - e ela usa a possibilidade; que pode preencher a coluna só com private jokes - e ela abusa; que pode usar sempre o plural majestático - registo com o qual costumo embirrar; que pode prolongar a dança de uma frase até fazer com que nos percamos, obrigando-nos a voltar ao início; que pode escrever sobre coisas que só ela sabe o que serão, sobre batatas fritas, sobre nada, que pode escrever como quem escreve numa noite completamente out; que pode escrever no mesmo suplemento onde escreve Alexandra Lucas Coelho - adversária difícil -, que é sempre, sempre invariavelmente irresistível.
Não percebo, por isso, a razão pela qual não existe Luna Park todas as sextas-feiras. Hoje houve. Hoje foi um dia bom. Mas nem sempre é assim. E tinha este protesto para partilhar há já algum tempo.

PSD e os seus putativos primeiros-ministros

Durão Barroso sabia que seria primeiro-ministro, só não sabia quando. Foi primeiro-ministro entre 2002 e 2004, em coligação com o CDS-PP, mas depois encontrou um brinquedo melhor (bem melhor, como o prova o presente) e foi embora. Curiosamente, pouco antes de fugir, tinha assegurado que não o faria. É aí, por ele, que começa a derrocada do PSD. Mas isso o PSD não assume.
Santana Lopes morria se não fosse primeiro-ministro, nem que para isso tivesse que aceitar sê-lo num contexto de ratoeira, nem que fosse só por nove meses. Não deu conta do recado e saiu. Não propriamente pelo próprio pé, mas saiu.
Marques Mendes, credibilidade alcançada ao lado de Cavaco e Durão, se ambicionava ser primeiro-ministro, soube sempre disfarçar até que o escorregão de Santana há-de ter-lhe parecido demasiado apetecível. Açambarcou a liderança do partido, passo sem o qual nunca poderia ser primeiro-ministro. Não chegou a ser.
Luís Filipe Menezes ameaçava há anos liderar o PSD que, nos seus sonhos, serviria de alavanca para ser primeiro-ministro. Achava que era como em Gaia, que o povo é que manda. Enganou-se.
O homem que se segue - ou quer seguir-se, qual salvador da pátria laranja, - é José Pedro Aguiar Branco que afirmou ontem, em entrevista à Visão - talvez não tenha sido, mas aquilo cheira a encomenda por todos os lados - estar disposto a derrotar José Sócrates quando na verdade queria dizer apenas disposto a tudo para derrotar Menezes.
No PSD quem é não é por mim é contra mim. Quem não é base é barão e vice-versa. E os dois lados são inconciliáveis. Com Menezes saltou cá para fora a arraia-miúda inteira, com o execrável bacalhau Ribau Esteves a liderar a ralé (Branquinho, sem surpresa, lá vai dando sempre para os dois lados, o que o torna ainda mais intragável) - e agora parece que vão voltar os barões. Que até podem também perder, mas nunca perderão a pose.
Durão, o cherne, era afinal o rato do porão. Santana, o bobo da corte, não passou afinal de um infeliz usado para uma travessia suicida. Mendes não tinha carisma e concordava muito com o PS. Menezes não tem berço, nem nada que não seja esquizofrenia em estado puro. Os líderes do PSD têm sempre uma desculpa para sair. O PSD tem sempre uma razão para se virar contra si próprio. O partido social democrata só não parece encontrar um bom argumento para governar o país.
Há vários anos que analistas e comentadores políticos andam a dizer que Sócrates rejubila com a mediocridade da Oposição, que assim lhe facilita a vida e o faz parecer menos mau.
Sócrates será mau. Agora, imaginem se fosse bom!


quarta-feira, abril 16, 2008

National em Guimarães

Os norte-americanos National tocam no Centro Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, a 18 de Julho. O concerto está integrado no Festival Manta.

segunda-feira, abril 14, 2008

Young Marble Giants na Casa da Música


Afinal, não são só os novíssimos Vampire Weekend que vão estar na Casa da Música. Os velhinhos Young Marble Giants também vêm, e no mesmo dia: 30 de Maio.
Adivinha-se noite histórica no Clubbing!

Vampire Weekend na Casa da Música


Os nova-iorquinos Vampire Weekend actuam na Casa da Música, no Porto, a 30 de Maio. A data é avançada no site oficial do grupo. O concerto será o primeiro dos Vampire Weekend em Portugal, integrando-se numa extensa digressão europeia de promoção ao homónimo álbum de estreia da banda lançado no início deste ano.

quinta-feira, abril 10, 2008

Aceitam-se apostas


Maria das Dores foi condenada a 23 anos de prisão. Aceitam-se apostas:
a) Cumpre a pena;
b) Suicida-se;
c) Daqui a um ano está a lançar um livro;

Jorge Coelho


Sou fã. Lamento a saída da Quadratura do Círculo.

An end has a start*

Podíamos chorar se soubéssemos ainda chorar. E já não sabemos. Mas também já não sabemos rir. Nem o que fazer ao que somos, que é o somatório do que fomos, mas muito pouco do que queremos ser. E menos ainda do que sonhámos que seríamos quando chegássemos aqui. Eu digo que o fim é um novo recomeço. Tu dizes que o fim é o fim. A desistência. Eu digo que desistir é ficar num território sem acreditar nele, a vida a atravessar-nos e não nós a atravessarmos a vida. Tu dizes que ir embora é fácil. Que se fosse fácil ficar estariam cá outros. Será?
Eu digo que acredito no amor para sempre. Tu dizes que também. Eu digo que o amor não é uma condenação. Tu dizes que o amor é mutante. Eu digo que não pode ser um abismo. Tu dizes que às vezes pode. Não pode ao ponto de ser insuportável, digo. Dizes que sou hiperdramática. Sou hiperdramática. E digo que me levas as certezas quando gritas. Tu dizes que não suportas o silêncio. Eu digo que não suporto o barulho. E digo que ele deixa cicatrizes. Tu dizes que cicatrizes são feridas que já não são. Eu digo que ainda doem. Tu dizes que cicatrizes não doem. E se doerem?
Eu digo que tenho saudades do que fomos. Tu dizes que tens saudades do que seremos. Eu falo-te do desencanto. Tu falas-me de esperança. Eu digo que vejo tudo a derreter. Tu dizes que sou incongruente. Se não fosse não seria amor, digo. Tu dizes que eu tenho que recentrar o olhar. Eu digo que estou cansada de palavras. Tu dizes que sou eu quem as gasta. Eu digo espero por ti. Tu dizes: estou aqui. Estás?

*Editors

terça-feira, abril 08, 2008

Íntima Fracção no Expresso!

aqui tinha escrito, no início deste ano, que lamentava - e realmente lamentava - a ausência de Francisco Amaral e da sua Íntima Fracção num território de maior destaque do que o do seu blogue. Agora, o Expresso lança essa experiência inédita, que é um jornal ter o seu próprio programa de música online. Não podia estar melhor entregue.
Finalmente, feliz. Pelo regresso do programa, mais ainda pelo regresso do autor do programa e, também, porque, ao contrário do que parece, ainda há jornais que conseguem arriscar a novidade.

sexta-feira, abril 04, 2008

Importa-se de repetir?

Nuno Azevedo, administrador-delegado da Casa da Música em entrevista ao Jornal de Notícias:
Ser uma figura mediática é o único requisito para liderar o marketing da CdM? Guta Moura Guedes e Dalila Rodrigues não são propriamente autoridades nesta matéria…
Somos uma instituição cultural e não uma empresa que vende enlatados para pôr na prateleira do supermercado. Por isso, não é líquido que, à frente de um departamento destes, esteja um marketeer. É mais importante construir uma imagem consentânea com o que é hoje a CdM. A mudança de imagem que temos vindo a introduzir provocou efeitos muito positivos. No ano passado, registámos um crescimento de 24%. Este ano, no primeiro trimestre, crescemos 30%. Quantas empresas conseguem apresentar números destes?

Dalila Rodrigues foi um nome consensual?
Completamente.

Apesar de não ter grande experiência na área?
Discordo.

É a própria quem o admite...
A Dalila Rodrigues tem uma grande experiência na gestão de um produto cultural. Ela teve a estratégia, a vontade e a energia para pôr no mapa, em Lisboa, um museu que nem os próprios taxistas sabiam onde ficava.

Quais as prioridades da sua acção?
Tal como já acontecera com a Guta Moura Guedes, o objectivo passa por construir, ao lado da direcção artística, uma parceria criativa para conseguirmos explicar, de uma forma estruturada mas simples, o que são as características da programação e os atributos de cada concerto. Até 2006 e inícios de 2007, não conseguíamos isso. O que temos aqui é um produto volátil, pois, ao contrário de um teatro, os espectáculos mudam todos os dias.