Eu não sabia que queria que fosse para sempre. Quando tu chegaste de mansinho, como o gato, eu não sabia. Não sabia quando passeava contigo com a minha mão fria dentro do teu casaco quente que queria que fosse para sempre assim. Passeios de chá de hortelã. Quando via contigo pela primeira vez as coisas que já tinha visto mil vezes e me falavas de tudo o que ainda havia para vermos juntos. O que eu nunca tinha visto sequer uma vez. Não sabia que ia desejar para sempre encontrar-te de vez em quando, qual cometa Halley, e que a vida só ia contar quando essas vezes raras aconteciam. Não sabia que ia desejar-te. E desejar as nossas discussões empolgadas de felinos vadios. Quando as despedidas escorregavam como o pé de criança num baloiço para as promessas. Não sabia que precisaria de as ver cumpridas. E que me castigarias com aquele abraço de lã. Não sabia que queria que fosse para sempre a tua voz. E a voz das vozes dos teus álbuns ouvidas devagarinho. Não sabia que era a sério o que te dizia a brincar. E que a brincar te perderia no caminho. Não sabia que continuaria contigo quando, de mansinho, te esboroasses. E que te seguiria até ao fim do mundo se, como o gato, tivesse sete vidas. Não sabia. E se soubesse, quererias saber?
quarta-feira, setembro 26, 2007
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