quinta-feira, setembro 20, 2007

O capacete dourado



O capacete dourado é o filme mais bonito - e bonito é mesmo o adjectivo que melhor veste a obra de estreia de Jorge Cramez - realizado nos últimos anos em Portugal. Inspirado numa história real de real amor, protagonizada por um casal de namorados em Guimarães em Outubro de 1999, poderia facilmente ter redundado numa daquelas películas semi documentais com forte travo voyeurista. Mas não é esse o caminho escolhido. É um filme onde o amor une o que a morte aparentemente sempre separa. É sobre a adolescência na interioridade, sobre crescer à solta. E é uma superlativa obra de arte, quase como o "Inland Empire" de David Lynch.
Em vez de um trilho cronológico que acabaria com duas cordas numa ponte a enforcar uma rapariga de 15 anos e um rapaz de 18, Cramez dá-nos fogo de artifício e música (muito boa música), espelha a história no rio e roda o filme em Vila Real. Dificilmente outro cenário poderia ser mais perfeito. Não me lembro de um filme português tão terrivelmente comovente.

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