sexta-feira, agosto 24, 2007

Palavra de honra; coração de cera

Convidou para padrinho de casamento o melhor amigo. Homem que - como ele, em breve - casou para honrar a palavra, para não humilhar a namorada de tantos anos, para não quebrar a promessa de eternidade, para não defraudar a família que anseava pelos descendentes, para não ser apontado pelos amigos, para não parecer imaturo, para não cancelar a compra da casa, para não devolver os presentes que não escolheu da lista e que começam a amontoar-se no quarto destinado aos herdeiros.
Noivo contrariado antecipa o futuro na vida do melhor amigo. Sabe já que as noites serão a parte pior: dificilmente a playstation, o blogue, as putas e as bebedeiras serão suficientes para esquecer a mulher que não perdoará por ter conhecido quando era já tarde demais. Um dia, sem ser consultado, terá um filho, dois, mais. Para honrar o que julga ser o curso natural da vida. Quando crescerem, talvez os aconselhe, enigmático, a nunca prescindirem do verdadeiro amor. Mesmo que ele chegue fora do calendário. Mesmo que ele obrigue a destruir tudo e a refazer de novo. Talvez não lhes diga nada.
Vale mesmo a pena honrar a palavra quando não se honra coração?

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