Sócrates é como a moda das maratonas, diz-se a palavra e aparecem logo milhares a precisar de descarregar a adrenalina. Parece que foi assim ontem à noite na RTP, um rol de gente a passar a palavra, a engordar audiências, a anunciar que o homem (O político? O comentador? O arguido?) estava na televisão a ser confrontado com as suas contradições, o povo a sentir-se vingado como nos tempos em que o pecador era queimado em fogueira pública. O circo foi tão grande que Sócrates perdeu o protagonismo. Não foi ele o assunto ali, foi José Rodrigues dos Santos, que para ser coerente deveria ter fechado o bloco dizendo: "Boa noite, este foi o grau zero do jornalismo".
José Rodrigues dos Santos não é só jornalista, é também professor de jornalismo. Por isso, pouco importa se Sócrates resistiu ou mentiu, se driblou o passado ou se fez o pino - importa que o jornalismo saiu dali de rastos. Sobre a fogueira, só restou a das vaidades. Porque se tudo o resto não bastasse, ainda havia um livro de José Rodrigues dos Santos em cima da mesa, supõe-se que oferecido a Sócrates. É só um detalhe, mas é aí que vive o carácter das pessoas.
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