quinta-feira, julho 18, 2013

Voltar a ter, pela primeira vez, 14 anos



O mundo não era globalizado. Não havia youtube, nem facebook, nem telemóveis, nem nenhuma espécie de partilha que não fosse de pele, em tempo real, com cheiro e sabor. Os amigos tinham rosto de verdade e a chave de nossa casa, e a nossa casa era o café da rua, sempre o mesmo. Não havia coisas combinadas ou a combinar, a combinação era tácita e única: estarmos juntos, sempre. E estávamos. E fazíamos de qualquer hora a hora das nossas vidas e todas as horas eram inesquecíveis. O mundo era uma miragem mais ou menos indiferente, não precisávamos de mais ninguém, cuidávamos uns dos outros como família de sangue, éramos felizes. Éramos adolescentes, acreditávamos que um dia seríamos grandes por dentro e mudaríamos o mundo. Enquanto não crescíamos ensaiávamos a vida em bandas sonoras de concertos que não sabíamos se algum dia haveríamos de ver, mas que nos preenchiam como se lhes pertencêssemos porque alguém sempre improvisava um vocalista. A vida era simples e a adolescência um privilégio. Oh, the years burn!...

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