O rei Midas desejava que tudo o que tocasse se transformasse em ouro. O desejo realizou-se. Pedro Passos Coelho, incapaz de ter o toque de Midas, criou o truque de Midas: tudo o que toca transforma-se em imposto.
Portugal está a tornar-se o Bangladesh da Europa e Passos Coelho, sem se rir, pede desculpa. Como se não conseguisse dormir por estar a promover uma revolução cultural que só encontra semelhança na que Mao Zedong impôs à China e a tornou miserável durante décadas. Destruindo as classes médias e educadas que são o pilar da democracia de consumo.
Arrasando o valor do trabalho porque as medidas sucessivas impostas começam a fazer nascer a mais terrível das perguntas: vale a pena trabalhar ou é melhor ser indigente e viver do RSI? Pedro Passos Coelho está a destruir o trabalho como valor ético e moral numa sociedade. O aumento da TSU dos trabalhadores, aliada ao afunilamento de escalões do IRS, vai triturar a espinha dorsal da sociedade: a classe média. Esse parece ser o grande objectivo da troika e do Governo. Para depois exportar o modelo para o sul da Europa.
Nada do que foi dito vai criar mais emprego. A generalidade das empresas vai perder em consumidores o que vai poupar em TSU. Passos Coelho tornou-se o coveiro sorridente de Portugal. Lembre-se: Midas acabou por morrer à fome. Até a comida em que tocava se transformava em ouro. Passos Coelho, refugiado na sua alquimia miserabilista, está a transformar Portugal num país onde tudo o que toca se transforma em chumbo. Um dia destes, de tanto tocar, só terá chumbo para comer. Tal como Midas, perecerá à fome. Porque nada restará para comer. Nem restará país para governar.
[Hoje, no Jornal de Negócios]
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