Claramente, a avaliar pela abstenção (62%), mas não só, ninguém estava interessado na eleições intercalares de Lisboa. Ninguém, a não ser os aparelhos dos partidos. A derrocada, sobretudo à Direita, não podia ter sido mais evidente. E mais catastrófica. Marques Mendes viu-se obrigado a convocar eleições antecipadas - e Menezes já deve estar a afiar os dentes; Paulo Portas, que acabou de chegar do exílio, lá ameaça mergulhar outra vez num período de reflexão; e Manuel Monteiro, o único a desconhecer que já morreu há muito tempo, ficou abaixo do próprio Bloco de Esquerda. Carmona Rodrigues continua a ser o bobo da corte. Foi escolhido por Mendes há dois anos, que depois o deixou cair, e agora acena-lhe com um segundo lugar. Soube-lhe a vitória. Inevitavemente, claro!
Aparentemente, o cenário volta a sorrir à Esquerda. O PS, que dificilmente conseguirá fazer alguma coisa que se veja em dois anos, mas também não terá tempo para chatear as hostes, não ganhou propriamente a Câmara de Lisboa. Ganhou, num percurso cumprido de forma inédita ao contrário, o que até agora não tinha: um candidato às eleições presidenciais. Não às próximas (2011), que voltarão a ser ganhas por Cavaco quando Costa estiver em velocidade de cruzeiro ao leme do segundo mandato em Lisboa. Mas às de 2016. Parece ainda um tempo muito distante, mas é já ali ao virar da esquina. O povo estará já cansado do governo socialista, Sócrates será alvo de chacota e de coisas piores, como é agora Guterres (a menos que emigre para a capa da Time), mas não será suficiente para beliscar as eleições.
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