sábado, setembro 21, 2013

Kjersti Annesdatter Skomsvold: Quanto mais depressa ando, mais pequena sou


"Gosto de estar cansada, diz-me que consegui algo. O cansaço é provavelmente o meu sentimento preferido. Depois do amor, claro.

(...) Tento levantar-me sem problemas enquanto penso nas árvores que caem na floresta. Se ninguém ouvir, a árvore cria um som, ou chega mesmo a cair? Talvez fosse melhor que eu caísse sem testemunhas. Enquanto penso isso, descubro que o que eu pensava ser um galho castanho junto ao meu pé não é nada um galho. É uma rã. Está sentada ao meu lado, imóvel, como se pertencesse ao reino vegetal, e estou certa de que ela, tal como eu, o faz por ter medo de morrer, estando provavelmente a tentar evitar ser comida. É um truque inteligente: enganar a morte ao tornar-se invisível.

(...) Acima de mim, tudo o que consigo ver são as nuvens que parecem bolinhos de merengue, e o único som que consigo ouvir é o das sirenes das ambulâncias. Desta vez, vêm por mim."

(Estreia maravilhosa de uma norueguesa de 34 anos, que venceu o Prémio Tarjei Vesaas para primeira obra, em 2009. Editado pela EUCLEIA, editora a que vale a pena prestar mais do que toda a atenção.)

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