sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Afectivamente


No dia em que um meteoro se desintegrou na Rússia e um asteróide fez um voo rasante na Terra, os GNR esgotaram o Coliseu do Porto para um concerto acústico, incursão pelos trinta anos da banda de Rui Reininho. A coincidência astronómica fez sentido: Reininho também é um cometa, voa a grande velocidade, deixa um rasto de luz por onde passa, mas não faz feridos, cura feridas. Popless, de 2000, ainda mal tinha dado o tiro de partida para "afectivamente, quando do público alguém gritou: "Porque estás aí a falar de amor comigo?" Reininho não falou só de amor, mas os concertos dos GNR são sempre também uma declaração de amor às pessoas. "Obrigada por vos pertencer", agradeceu o vocalista, depois da maratona de duas horas em que tornou quase irreconhecíveis os clássicos. A banda desligou a ficha, trocou o baixo eléctrico pelo acústico, a guitarra eléctrica pelas cordas do violino da majestosa russa Ianina Khmelika, os teclados pelo piano. A voz de Reininho é sempre a voz de Reininho, seja em que rotação for. Mas o público, se não estranhou, conteve-se. Quase desde o início a pedir "Dunas", recebeu o troféu só no fim da viagem partilhada em palco com Mitó, d'A Naifa, Márcia, Beatbombers (num inesquecível rearranjo de Sangue Oculto) e com Camané, a maior ovação da noite. Em "Dunas", a sala ergueu-se. A vénia devida.

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