domingo, junho 10, 2012

Juan Luis Panero: Poemas


Quando te esqueceres do meu nome,
quando o meu corpo for apenas uma sombra
a apagar-se entre as húmidas paredes daquele quarto.
Quando já não te chegar o eco da minha voz
nem ressoarem as minhas palavras,
então, peço-te que te lembres do que fomos
uma tarde, umas horas, felizes juntos e foi belo viver.
(...)
Tu chegaste, sem que me desse conta apareceste e começámos a falar,
tropeçávamos de riso nas palavras, balbuciávamos
no estranho idioma que nem a ti nem a mim pertencia.
(...)
Sim, às vezes é simples e é belo viver,
quero que recordes, que não esqueças
a passagem daquelas horas, o seu esperançado resplendor.
Eu também, longe de ti, quando perdida na memória
estiver a sede do teu sorriso, lembrar-me-ei, tal como agora,
enquanto escrevo estas palavras para todos aqueles
que por um momento, sem promessas nem dádivas, limpamente se entregam.
Desconhecendo raças ou razões de fundem
num único corpo mais aventurado
e depois, acalmado já o instinto,
se separam e cumprem o seu destino
e sabem que, talvez só por isso,
a sua existência não foi em vão.
[O que resta depois dos violinos]

1 comentário: