Estranha moda a que faz com que um número invulgar de pessoas opte por escrever um livro para partilhar ou justificar aspectos da sua vida pessoal ou profissional. Ou para ajustar contas. Ou para sabe deus o quê. O caso é tanto mais grave no caso de quem poderia, pura e simplesmente, dar uma entrevista. Mas, claro, o efeito de uma entrevista dura quanto? Dois dias, três? Uma semana? E não dá para juntar os amigos da praxe, nem serve de mote para um cocktail.
O caso mais recente, anunciou o próprio, é o de José Miguel Júdice, senhor de quem, por meia dúzia de razões, gosto bastante. Mas, que raio? Por que diabo não explica já, sem cerimónias, a razão de ter abandonado o projecto da zona ribeirinha de Lisboa? No caso de cargos públicos, pagos por todos nós, a intenção de contar o que quer que seja num livro é ainda mais ridícula. Significa que os cidadãos têm acesso aos seus direitos - e um dos seus direitos fundamentais é a verdade - como quem espera pelo capítulo de um romance. E para o ter tem que o pagar! Era a mesma coisa que José Sócrates vir dizer agora que só explica em 2009 num livro, e se perder as eleições, por que razão tem infernizado a vida aos portugueses!
Mas, claro, a moda não é só de Júdice - quem ainda não publicou um livro por estas bandas sobre receitas, doenças, viagens, desaires políticos, aventuras sexuais (Zezé Camarinha na D. Quixote!! A editora enlouqueceu!), casos de polícia como Carolina Salgado (outra vez D. Quixote!!) , fétiches de clientes, como tudo o que é prostituta, que ponha o dedo no ar -, nem só aqui do burgo. Nos EUA não há político nem mulher de político que não queira acrescentar a sua página à história, sobretudo em caso de traição. Quantos mais casos há, mais ridículo se tora o fenómeno. E que José Miguel Júdice queira engrossá-lo é uma coisa que me entristece.
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