Já passa da meia-noite. Passo no Teatro Rivoli uma vez, duas, três. E de todas as vezes sou atropelada pelas mesmas questões: por que é que só alunos de teatro e pessoas que, de uma forma ou de outra, estão ligadas às artes, sobretudo cénicas, estão a manifestar solidariedade com a minoria que se barricou no edifício para defender os interesses da maioria? Onde estão aqueles amantes da cidade e da cultura que há uns anos se amarraram ao Coliseu para o defender? Ou não seria um grito a reclamar o direito à cultura mas antes e só um protesto mesquinho contra a IURD - Igreja Universal do Reino de Deus? Onde estão os responsáveis pelas outras respeitáveis estruturas da cidade? Ricardo Pais do Teatro Nacional S. João, Nuno Cardoso do Teatro Carlos Alberto, Pedro Burmester da Casa da Música, João Fernandes do Museu de Serralves... onde estão? Não têm nada a ver com isto?! E a própria Isabel Alves Costa, alguém viu? E os políticos, os que prometiam uma oposição inédita na história da cidade?
Inicialmente comecei por estranhar que a indignação do caso tivesse ficado circunscrita ao Porto; que não tivesse havido manifestões e mensagens cúmplices dos directores de outros teatros municipais, de outras entidades de Lisboa e do resto país. Depois entendi: se nem a cidade se mobiliza por que haveriam os outros de o fazer? Para esses seremos sempre, provavelmente, apenas, a cidade em que os polícias matam um condutor quando ele não pára.
Entre a indignação e a demagogia há uma fronteira cuja espessura é tão diminuta que, não raro, temos a tentação de atravessá-la. Principalmente quando nos pretendemos investidos de uma qualquer missão atribuída pela militância e, por vezes, pela ingenuidade. A razão exige, no entanto, mais discernimento, principalmente da parte de quem tantas vezes ilumina a blogosfera com prosas bilhantes e inteligentes... Respeito a tua luta, compreendo até a tua raiva, mas tenho sérias reservas quanto
ResponderEliminarà forma.
Bjs, e força nisso
Por muito que goste da cidade, por muito que goste do Rivoli, por muito que goste de Cultura, por muito que goste dos pequenos grupos de artistas, por muito que reconheça que a política cultural da CMP é errada, creio que esta ocupação já foi longe de mais.
ResponderEliminaras lutas são de quem acredita nelas, mas neste portugal dos pequeninos ... o que preciso é matar a fome e passar ao lado.
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