segunda-feira, novembro 25, 2013

Urbano Tavares Rodrigues: Nenhuma vida


Escrevi apaixonadamente este curto romance num Verão bastante fresco, pouco antes de fazer noventa anos. Escrevi-o com o amor à palavra e à invenção verbal de toda a minha obra. É um texto algumas vezes duro e agressivo, mas onde também têm cabimento a ternura e o amor, que são o esplendor da vida.
Não me compete a mim julgá-lo e estou, aliás, ainda muito perto dele para o ajuizar criticamente. 
Quem escrever bem de verdade pode abordar, sem cair na mediocridade, questões sociais e políticas  e inclusive a gesta épica da luta pelo socialismo e pelo comunismo. Já não tenho tempo de vida para me arrojar a esse cometimento, e basta-me sonhá-lo.
Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres.
Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me tudo será luz.

[Carregado de simbolismo, porque foi a despedida e porque Urbano quis despedir-se com o seu último olhar sobre o país. Infelizmente,  é um conto bastante sofrível.]

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