[Foto: JMG]
Falavam todos os dias. Ou talvez não todos os dias, que todos os dias são muitos dias. Mas quase todos os dias e nesses dias seguramente várias vezes ao dia. São mais vezes do que as vezes que se viram. Viram-se duas ou três vezes. Quatro, com alguma generosidade. Falavam sem se verem. Aparelhos electrónicos que a sociedade tecnológica inventou para reduzir distâncias - ou aumentar, who knows?. Não tinham nada para dizer. Falavam por falar. A horas insuspeitas, improváveis, sem hora marcada. Sem assunto. Jogo de pingue-pongue em que os pontos chegam sob a forma de mensagem.
Falavam sem saber se no dia seguinte ainda falariam - who cares?. Sem saber o que significa falar assim por falar. Mas a saber que de tanto falar por falar podiam nunca mais falar que nunca mais esqueceriam. O tempo em que aquele era o único sítio para onde podiam fugir. Cada um saberá de quê.
Falavam sem saber se no dia seguinte ainda falariam - who cares?. Sem saber o que significa falar assim por falar. Mas a saber que de tanto falar por falar podiam nunca mais falar que nunca mais esqueceriam. O tempo em que aquele era o único sítio para onde podiam fugir. Cada um saberá de quê.
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