Peça de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, “Chovem Amores na Rua do Matador”, no Auditório Municipal de Viana do castelo, às 22h00. O texto é um inédito dos dois escritores africanos para o Trigo Limpo Teatro acert e resulta de uma colaboração, que se iniciou em finais de 1992, com a adaptação feita pelo grupo de alguns contos de Mia Couto. A partir desse ano, criou-se um laço entre o grupo de teatro e o escritor, que está também ligado a Agualusa por uma grande amizade.
É desta teia de afectos que nasce “Chovem Amores na Rua do Matador”, história em que Baltazar Fortuna regressa a Xigovia para matar… saudades. Pretende reencontrar os seus ex-amores: Mariana Chubichuba, Judite Malimali e Ermelinda Feitinha, mas, num sonho, as três, dizem-lhe: “Nós não te precisamos matar, nós já te matámos dentro de nós. Há muito tempo que não vives nas nossas vidas…”
A propósito da criação do texto a dois, José Eduardo Agualusa afirma: “A escrita foi muito fácil. O tom estava dado (pelo Mia) e limitei-me a ser aquelas mulheres, seguindo um registro não muito dissonante do do personagem masculino – mas contrariando a sua versão. Trabalhar com o Mia foi como conversar com ele, muitíssimo divertido e gratificante. Nem sei se a isto se pode chamar trabalho.”
Para Mia Couto o texto “mais do que produzido a duas mãos, foi feito a duas almas. Combinámos, logo de início: eu farei de homem, tu farás de mulher. E fomos, sem falar, acertando que a peça falaria de amores e mortes (não são estes os únicos motivos da literatura?)”.
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