sexta-feira, outubro 02, 2015

Matilde Campilho, Jóquei


Li e não gostei. Muitos dos amigos homens leram e quase todos mais ou menos deliraram. É uma cena de gajas, diz o Marquinhos Cruz. É uma cena de gajos, tenho eu dito muitas vezes. Matilde Campilho, 33 anos, é muito bonita e os homens nunca resistem a uma mulher muito bonita. Matilde Campilho é muito bonita e as gajas odeiam mulheres bonitas, dizem os amigos homens. Pela minha parte, sou só demasiado cinzenta para a poesia multicolor, cruzada e com sotaque que ela escreve. Não encontro ali nada que me comova, nada que me inspire, nada que me salve - nem a vida nem o minuto. Por isso, nunca levei muito a sério as opiniões dos amigos homens. Até ontem ter chegado a opinião do Marquinhos Cruz. Que não faz mudar a minha, mas que é tão boa que deve ser lida. E sim, Marquinhos Cruz, devias ser lido todos os dias.

Diz ele:
Matilde Campilho "tem uma poesia solta, tendencialmente libertária (pelo menos em termos formais) mas mantendo sempre um intimismo muito dela, como se a estrutura não lhe fosse necessária enquanto rede, o que é um estupendo sinal de idiossincrasia, se acompanhado, claro, da qualidade e do sentimento poético (ou artístico) que ela demonstra. Nota-se que é uma miúda, tem frescura e singeleza - sem necessariamente ser ingénua ou, menos ainda, inocente – na proporção inversa do academismo. É uma poesia empírica, a dela, uma poesia alimentada também pelas leituras, que imagino muitas, mas sobretudo vivida, e não no sentido de captada, como se fosse uma fotógrafa à espera de apanhar o melhor do real. É um continuum, percebe-se que o desejo dela é fundir-se o mais possível com a essência poética. É bonito vê-la acreditar na hipótese de as vibrações do seu bater de asas poderem vir a ser poemas." Marcos Cruz

"The roses are lovely. Fazes falta, meu chapa. No vaso and a todo crescendo de uma forma muito desenfreada, não sei como dizer-te que os caules trepam as folhas, que a terra cai sobre as flores e que a frutaria toda ameaça inundar a sala. Anda tudo muito bonito. Chastle não apareceu para o café, não esta manhã, mas é sabido que mais dia menos dia o tipo chega. Eu por enquanto fico aqui lendo o jornal. Já sabes, é tremendo este vício de cair de cara na coisa e também de deixar sempre o taco de golfe encostado na mesa. Para o que der, para o que vier."

Matilde Campilho, Jóquei
Tinta da China

(Breaking News: Matilde Campilho terá um programa na Antena3, domingo à meia noite.)

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