É seguramente um dos livros mais bonitos do mundo. Agustina escreve, de forma inédita e "atrevida", sobre a gigantesca Paula Rego, sobre ela própria, e sobre as duas - duas almas gémeas separadas à nascença, as duas solitárias, as duas geniais. Duas mulheres-crianças que sabem que "não há maior evasão do que a infância”. E Paula pinta. As meninas que pinta desde sempre. “As meninas nunca partem. São necessárias, são o elo com a infância, o que lhe dá poder sobre a provisão de maldade que o mundo lhe reserva”. Tão verdade. Não é um livro, é uma obra de arte. No limite, sobre mulheres. "São poucos os homens que pressentem o batimento do coração das trevas; mas todas as mulheres lhe conhecem a presença e sabem que é terrível”.
Agustina Bessa Luís fez ontem 93 anos. Paula Rego faz 81 em janeiro. O livro foi editado em 2001, quando ainda ninguém confundia a vida com a morte de Agustina. Edição limitada, numerada, assinada, reeditada em 2008. Eternamente grata a quem me permitiu ter um exemplar.