A contracapa do livro mostra ao que vamos:
"Pode um homem simples, tolo no sentido em que recusa as regras do mundo materialista, onde reina a guerra, a vanglória e a ganância, vencer o diabo e liderar daí em diante toda uma nação com base apenas no seu despojamento e força de carácter? Tolstoi questiona o materialismo, a ganância e a vaidade, e questiona-nos a todos nós enquanto sociedade, questiona as nossas opções de vida e abre caminho a uma realidade alternativa baseada noutros valores, talvez menos ilusórios."
É um conto para crianças. E, como quase todos os contos para crianças, deve ser lido por adultos. A literatura russa, obcecada pela justiça, está repleta de contos de fadas, de parábolas, alegorias, fábulas, de alertas sobre os princípios que aprendemos quando somos pequenos e, na maior parte das vezes, esquecemos quando crescemos. Ivan, protagonista costumeiro dos russos, e também de Tolstoi, é o personagem de uma história tão simples que só pode embaraçar-nos. A Civilização acaba de reeditá-la e vale mesmo a pena lê-la ou relê-la.
"Mil anos transcorreram e Ivan ainda vive. Multidões acodem constantemente ao seu reino. Até mesmo os seus próprios irmãos, desde há muito, com ele foram morar. E a todos os que chegam e digam: "Deixai-me aqui ficar", ele manda responder: "Seja! Vivei! Temos de tudo." Há, todavia, nesse reino, uma lei, uma única lei - aos que trabalham com verdadeiro afã, dizem-lhes: "Sentai-vos à mesa"; mas aos outros, aos que queriam viver sem esforço, é-lhes dito: "Comei as sobras".
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