Declaração de desinteresse: não sou maçon.
Declaração preconceituosa: não gosto da Maçonaria – daquilo em que ela se deixou transformar; tomada de assalto por malta do business, gente da transacção comissionada, do toma-lá-dá-cá-e-se-não-dás-levas-onde-for, gente ameaçadora, ardilosa, manhosa. Gente perigosa.
Declaração irrelevante: tenho amigos maçons que são umas jóias. Tenho amigos que, não sendo maçons, são também umas jóias – mas normalmente estes são mais corajosos. Tive amigos que passaram a patifes, dos que nos levam os nossos cavalos para decepá-los, para deixar as suas equídeas cabeças sangrentas nas nossas camas. Alguns desses amigos deslocaram a coluna. Levaram-na para o peito, para a garganta, para o meio das pernas, para as mãos como adagas. Só o espaço da coluna ficou vazio, deixando o habitat para invertebrados.
Alguns desses amigos viram no "ser maçon" uma protecção, uma projecção, uma ascensão, uma corrupção tolerada. É fácil torcermo-nos tão pouco, mas tão pouco, que a torção é imperceptível. E no entanto…
O poder é como o sol, queima se nos aproximamos. O poder corrompe. E há hordas, corjas, fileiras, trincheiras de pessoas fascinadas com isso: com o poder. Prontos a trocar uma sobrancelha por um Mazeratti na garagem. Sobretudo: essa sensação ridícula e humana de nos sentirmos superiores aos outros. O “ashes to ashes, dust to dust” não nos entra na cabeça, pobres mortais. Cada homem no seu galho, os macacos não se medem aos palmos.
Lincoln disse tudo: queres conhecer o carácter de um homem? Dá-lhe poder.
Ou então dá-lhe livros para ler. Poesia para começar. Ou para acabar.
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