façam com as palavras aquilo que quiserem
desfaçam-nas:
uma palavra desfeita não magoa,
uma palavra inteira rasga a boca,
uma palavra inteira é a certeza
de outra palavra inteira, a corda fina
que vai da trave à terra, do caibro ao vento
de uma janela aberta:
a imprecisa
minúcia da poeira
(...)
Um homem, qualquer homem, vai
com tantas palavras contra a boca, que não sabe:
todas as verdades têm
a solidez de um desabamento.
[Rui Nunes é para ler de joelhos, sempre.]
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