domingo, maio 10, 2009
sábado, maio 09, 2009
quinta-feira, maio 07, 2009
I de Indecisa
José Manuel Fernandes, homem forte do Público, há-de ter respirado de alívio hoje de manhã quando pegou no I. Martim Avillez Figueiredo, director do novo jornal diário, definiu-o como sendo um produto que "quer devolver a agressividade que os jornais diários perderam, a profundidade que os semanários esqueceram e a sofisticação que as revistas procuram". Antes disso, já tinha dito que o I não seria um jornal para todos (o que me parece bem), que seria sobretudo para Lisboa e o Sul do país (o que me parece mal), que não teria histórias porque essas devem voltar à literatura (o que me parece muito mal), que seria sobretudo de notícias (ok, é uma opção legítima) e de notícias editadas (perfeito). Ah! E que apresentaria fortes competências na vertente multimédia.
O que encontramos no I, além de um agradável formato de newsmagazine? Uma primeira página imbatível, bonita e limpa, sem aquelas dezenas de chamadas habituais dos outros jornais. Uma primeira página a prometer uma história exclusiva, como convem num primeiro número, e cinco chamadas de capa: uma local, sobre Lisboa, naturalmente; uma actual, sobre a gripe A, naturalmente; uma internacional, sobre Obama (what else?); uma sobre economia e outra a propósito da estreia do Star Treck. Vira-se o jornal de costas e encontramos outra página bonita, uma feature (ok, não é novo, mas é importada do New York Times, infalivelmente bem escrita) e uma coluna lateral à esquerda com o resumo do interior. E o que consta desse interior?
Opinião. Muita. Uma pacote de colunistas altamente invejável. Mas depois, a história afinal não é bem uma história. Uma boa história. Não é na prática, porque em teoria é. Não é boa, porque é uma notícia (a da imigração, mesmo que bem vista) disfarçada de reportagem. Depois, o radar abre com duas páginas sobre centros comerciais em Portugal (ocupam 400 campos de futebol) e algures lá no meio aparece uma notícia sobre Vila Real e Lourosa (?!). Os contentores de Lisboa ocupam duas páginas e desconfio que isto é uma posição que pode sair cara no futuro. O relatório sobre segurança das crianças (notícia de há dois dias) é dado numa ficha: explicam-se as falhas e as soluções, mas esquece-se a notícia. Depois, há fotolegendas a esmagar a política, pouca. Depois um salto para o mundo, depois um saltinho atrás, a Portugal outra vez... e por aí fora... tudo bastante mal hierarquizado. Mal paginado.
Conclusão: Depois de ler o I de fio a pavio fica-se com a sensação de que lê-lo não dispensa da leitura de outro jornal diário. Das notícias prometidas que definiriam o jornal, nem uma. Editar a actualidade é uma coisa; ignorá-la é outra. Nem uma linha sobre a lei de financiamento dos partidos que por estes dias é mais ou menos incontornável. De repente, pode até parecer um jornal local (de Lisboa, claro) com um canal para o mundo. Mais depressa vai ao México do que ao outro lado da rua. E o site merecia, no mínimo, abrir com uma boa reportagem multimédia.
Preferia ter sido arrebatada já hoje, mas o jornal é bonito, diferente, dá genuína vontade de o ver crescer. Para já, no entanto, o melhor mesmo parecem-me ser as condições que os jornalistas têm para trabalhar.
"Quando quero seduzir alguém já não corto o cabelo, actualizo o meu perfil no Facebook", disse a Drew Barrymore num daqueles filmes maus onde de vez em quando há uma frase boa. Acabo de me increver no Facebook para perceber o que o Facebook é. Percebo depressa: uma nulidade. Como o Twitter. Como o Hi5. Estou desgraça-abençoada-mente excluída do futuro.
domingo, maio 03, 2009
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