Pillowman, tantas vezes aqui o escrevi, é uma das melhores peças de teatro que vimos em toda a nossa vida. O texto do irlandês Martin McDonagh - já pintado por Paula Rego - é absolutamente incrível, mas Tiago Guedes, o encenador, que se estreou ali, em 2006, tornou-o mais do que soberbo, inesquecível. Por isso, é com singularíssimo entusiasmo que aguardamos a passagem pelo Porto e pelo TNSJ de Blackbird. De 5 a 14 de Março.
Texto de apresentação:
É o regresso do realizador Tiago Guedes ao teatro, depois da sua fulgurante estreia como encenador, em 2006, com The Pillowman. Se o texto de Martin McDonagh tratava já temas difíceis (o infanticídio encimava o catálogo de malfeitorias), Blackbird explora uma outra matéria delicada – o abuso sexual de menores –, evocada já por um clássico da literatura como Lolita. Talvez a menção do romance de Nabokov não seja inteiramente despropositada: é que, nesta peça que o Festival de Edimburgo encomendou a David Harrower para ser estreada, em 2005, por Peter Stein, o dramaturgo escocês faz mais do que um tratado moral ou uma tese sociológica, desdobrando questões em vez de lições e doutos esclarecimentos. Uma jovem mulher reencontra o homem de meia-idade com quem – década e meia antes, quando apenas tinha 12 anos – mantivera uma relação apaixonada (leia-se, sexualmente explícita). Destas criaturas poder-se-á dizer que entram depressa numa noite escura, como que seguindo o apelo da canção, de uma traiçoeira candura, dos Beatles: “Blackbird fly into the light of the dark black night”.
O abuso sexual de menores não é "evocado" no Lolita do Nobokov. Tens que ler o livro para veres que não é disso que se trata.
ResponderEliminara Verdade ofende?
ResponderEliminarCaro João,
ResponderEliminarOfensa nenhuma. O texto de apresentação não é meu; é do Teatro.
De facto. Como é possível alguém do TNSJ cometer tal erro. Não se percebe.
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