Não foi possível aos deputados social-democratas disfarçar a total ausência de expectativa relativamente ao discurso que Manuela Ferreira Leite (MFL) proferiu hoje, ao fim da manhã, em Espinho, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD. Por um lado, porque a deputada e líder do partido não esteve presente em nenhum dos painéis de trabalho de ontem, logo, seria impossível retirar conclusões do que não ouviu; por outro, porque qualquer declaração sobre a data das eleições directas para a escolha do próximo presidente do partido – assunto que pôs toda a gente a assobiar para o ar, embora as ditas continuem atiradas para depois da discussão do Orçamento de Estado para 2010 – era, como depois se confirmou, altamente improvável. MFL é o Michael Jackson da política portuguesa: entra muda, reproduz no palco a coreografia previamente ensaiada, acena com visível esforço ao povo, sai calada. E, mesmo assim, só quando todos os outros já saíram.
Sobre a poeira e o futuro do PSD, avançou portanto olimpicamente. A pandilha da bancada ficou confinada ao refrão "muito bem, muito bem" quando ela, a líder que todos querem que deixe de o ser, desatou a perorar sobre as já conhecidas críticas ao Governo, ali vagamente refrescadas pela boleia dos últimos acontecimentos. Nem o verbo "asfixiar" foi esquecido. E devidamente repetido. MFL denunciou, enunciou, pormenorizou tudo o que está mal. Ou seja, tudo. Mas esqueceu-se de dizer como se faz bem. Não é grave se considerarmos que também José Aguiar-Branco, que ali se fartou de apelar ao dever de eficácia do sistema judicial, esqueceu que foi, ele próprio, e há bem pouco tempo, ministro da Justiça...
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