Hoje, no Expresso
Mostrar mensagens com a etiqueta MST. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta MST. Mostrar todas as mensagens
sábado, julho 21, 2012
terça-feira, fevereiro 23, 2010
Sinais de fogo
Miguel Sousa Tavares (MST) estreou-se ontem na Sic, com Sinais de Fogo. MST, que tem olhos de sharpei - por acaso, a minha raça canina de eleição -, apareceu de cabelo pintado e mãos nervosas. Muito nervosas. Não era necessário. No que ao país diz respeito, José Sócrates, ilustre primeiro convidado, limitou-se a editar o discurso que fez no Porto, no sábado, repetindo-o ad nauseam. Sobre escutas, figos e soldados de chumbo foi o descalabro. Um tango entre o "não comento crimes" e o "afinal comento a parte que me dá jeito". A do procurador, naturalmente. Muito gostava de saber a que se dedicam os assessores do primeiro-ministro!
quinta-feira, fevereiro 11, 2010
O caixão político de Sócrates
"A tentativa inteiramente legítima de meter uma providência cautelar para evitar a saída do jornal é mais um prego no já encomendado caixão político de José Sócrates. O país inteiro está nervoso e é óbvio que José Sócrates caminha para o seu fim político. Nunca vi isto tão claro como agora. São demasiadas questões, foram demasiados casos, há demasiadas nebulosas em jogo. E há uma coisa extremamente grave - e que as escutas do Sol mostraram -, é que ele não sabe escolher os amigos. Sócrates não cai no terreno político pelos assaltos dos inimigos, ele jogou sempre bem para os seus inimigos políticos. Sócrates vai cair às mãos dos seus amigos políticos."
Miguel Sousa Tavares, na Sic
sexta-feira, agosto 28, 2009
MST: my guilty pleasure?

Numa conversa conduzida com invulgar perfeição, MST é obrigado a confessar (para o que isso valer, claro!) que nunca leu Ulisses, de James Joyce. Aliás, nem Joyce nem Faulkner, indiscutivelmente dois dos maiores escritores do século XX. É confrontado com a sua insistência em Marguerite Yourcenar (já toda a gente o terá ouvido referir, pelo menos uma vez, as Memórias de Adriano como exemplo maior do que a boa literatura deve ser) como se ela, a escritora belga, fosse a única cuja obra domina. Ele percebe a rasteira, e atira Tchékhov. Xeque-mate.
Mais à frente (a entrevista tem 12 páginas), a propósito dos novos autores nacionais, MST é levado a reconhecer que talvez não conheça tão bem quanto julga a obra de José Eduardo Agualusa. "Tenho a presunção de ter sido quase o [seu] descobridor, quando li aquele que para mim, até hoje, ainda é o melhor livro dele, o primeiro, a Estação das chuvas", disse. Acontece que este livro (meio romance - meio biografia), sobre a poetisa angolana Lídia do Carmo Ferreira, desaparecida em 1992, foi o quinto do escritor angolano, e não o primeiro, como julgou MST - nem sequer o quarto, como rectificou Carlos Vaz Marques.
Sobre António Lobo Antunes, MST diz-se e desdiz-se. Tão depressa foi "grande admirador" dele, porque ele terá sido um "inovador, no início", como desafia alguém a lembrar-se do nome de um dos seus personagens ou a conseguir caracterizá-lo. Sobre José Saramago, não resiste a dar-se uma importância que talvez o Nobel não lhe tenha dado. MST atribui-lhe de cor a frase: "Não me preocupa rigorosamente nada que o Miguel vá embora para o Brasil". Carlos Vaz Marques volta a rectificar. A frase de Saramago foi: "Tanto me faz que ele vá para o Brasil ou para Marte".
Seria possível desmontar ainda mais um ou outro lapso ou contradição ou pequeno deslize. Mas para mim, que adoro MST (Tiago Sousa Garcia descobriu, ainda antes de mim, que talvez MST faça mesmo parte dos meus guilty pleasures), com todos os seus lapsos, contradições, deslizes e fragilidades, a entrevista vale mesmo a pena, porque nela ele fala de si como raras vezes o temos ouvido falar: da mãe Sophia, do pai Francisco, do que reteve e aprendeu de um e outro, da infância com esses pais tão pouco "normais". E por aí fora. E ainda revela que vai mesmo acabar uma BD da qual eu julgava que ele já tinha desistido. E, hélas, uma peça de teatro!
sábado, agosto 15, 2009
É por estas e por outras que não posso não gostar do Miguel Sousa Tavares
"(...) Estão no Facebook porque não conseguem enfrentar a solidão e vivemos um tempo em que, quanto mais se comunica, quanto mais se fala, quanto mais se apregoa, mais a solidão é funda e irremediável. E o Facebook é o instrumento para criar a ilusão de que não se está sozinho, mas acompanhado por uma vastidão de amigos. Basta escolher um perfil, carregar num botão e esperar que um desconhecido nos aceite como amigo. E, se esse não aceitar, há mais uns milhões, o universo todo, para tentar de novo. Quem disse que é difícil fazer amigos? Que é difícil encontrar pessoas interessantes? Que, hoje em dia, não há tempo para conhecer pessoas novas? Que as relações humanas são complicadas? Eis o instrumento que veio pôr fim a tudo isso. Agora, com o facebook, só está só quem quer. Esta explicação eu entenderia: é séria, é real, é humilde. Só que, essa, ninguém a dá.
(...) É isso o que mais me preocupa: será que sobra alguém para fora, onde também continua a ahaver vida, embora sob outra forma? Será que sobra alguém que se possa e valha a pena encontrar num café, num cinema, numa praia, num aeroporto? Ou vai tudo viver, envelhecer e morrer agarrado ao Facebook, sob o desagradável olhar de todos os outros?"
[Crónica no Expresso, hoje, "Let's face it"]
domingo, julho 19, 2009
Miguel Sousa Tavares (ainda)
[Não me lixem: este homem é lindo de morrer!]
"O tempo mostra-nos quem foram as pessoas realmente importantes na nossa vida, mesmo que tenham estado lá pouco tempo. E quem foram as outras que esquecemos ou que teríamos feito melhor em esquecer. O tempo traz-nos essa divisão de águas em relação a tudo, é um seleccionador de escolhas."
Miguel Sousa Tavares, entrevista ao JN
terça-feira, julho 07, 2009
Miguel Sousa Tavares: "No teu deserto"

Miguel Sousa Tavares (MST) é o único homem a escrever em Portugal que podia escrever mal. Se quisesse. Se não soubesse escrever bem. Podia contar histórias menos bem conseguidas desencantadas em lugares recônditos do planeta, podia plagiar escandalosamente o Hemingway, o Eliot ou o Coetzee, podia escrever 600 - ou 1600! - páginas só com episódios do século XIX, podia reincidir em erros históricos ou mesmo de ortografia, podia degladiar-se com o Vasco Pulido Valente (ou com o José Manuel Fernandes, whatever!), cada um com a sua capa e a sua espada, e perder. Tudo continuaria igual entre nós. Nada mudaria a nossa relação escritor-leitor. Eu continuaria a comprar os livros todos dele e a lê-los. E provavelmente continuaria a aguardar, impaciente, o lançamento de cada novo livro como os adolescentes aguardam a edição de mais um Harry Potter. "No teu deserto", que ele define como um quase-romance, chegou hoje ao mercado - e cá a casa.
José Saramago e António Lobo Antunes não podiam escrever mal. Têm que escrever bem, mesmo muito, muito bem. São obrigados a isso. Caso contrário, como seria possível amá-los com aquela selvagem planta de arrogância que alimentam com o mesmo vigor com que MST - e bem, há que dizê-lo -, deixou crescer a barba? Um leitor não precisa só de respeitar o escritor que lê; precisa de o amar - eu preciso, pelo menos. A José Luís Peixoto também não seria permitido escrever mal. Com aquele ar de vocalista de banda gótica, mesmo que o lêssemos - e lemos sempre -, no conservador meio literário, ninguém o levaria a sério. E um escritor precisa de ser levado a sério. Caso contrário, o "Morreste-me", inicialmente publicado numa edição de autor, nunca nos chegaria às mãos. E sem esse, não viriam os outros. E teríamos ficado todos a perder. Rodrigo Guedes de Carvalho, que também devoramos a cada nova publicação, não tem só que escrever bem, tem que escrever superiormente bem. Primeiro, para provar que não copia Lobo Antunes, que Lobo Antunes até poderá ser uma inspiração, mas que não é mais do que isso. Segundo, para que possamos esquecer-nos do Rodrigo Guedes de Carvalho, pivot de televisão, que nos faz sentir que está quase sempre zangado com o mundo. Nos livros, é o exacto oposto.
Podia desbobinar aqui uma série de autores portugueses - da velha guarda, da nova geração, escritores-escritores, escritores-jornalistas, etc - que por uma ou outra razão não poderiam escrever mal. Mas não me apetece. MST podia escrever mal. É assim. É o único. Porque tem aquele irresistível mau feitio que funciona mais como íman do que como repelente. Porque não é um alinhado, sem ser um desses insuportáveis desalinhados freaks. Porque ama absolutamente o Alentejo e quem não se rende de forma absoluta ao Alentejo não merece saber que o Alentejo existe. Porque é filho de Sophia de Mello Breyner e a poesia é, só pode ser, uma virtude que vem amarrada ao sangue. Porque odeia o facebook e o twitter. Porque e porque e porque. E porque - não há eufemismo para isto - é terrivelmente bonito. E se há casos em que é possível abstrairmo-nos da beleza, este não é definitivamente um desses casos. De qualquer forma, MST não escreve mal. Au contraire. Escreve como quem fala, mas não escreve como fala quando fala na televisão. Escreve como fala em alturas que porventura nunca o ouvimos falar. E leva-nos nessa forma escrita de falar, nessa estória, seja que estória for - do romance, da crónica ou da reportagem - e não nos larga, não nos perde, não nos deixa cair. Ou fugir.
A crítica do DN a "No teu Deserto" publicada anteontem, acaba a dizer que o livro, umas magras 125 páginas, será um "maná para a legião de fãs femininas" de MST. A etiqueta é um bocadinho irritante. É como se gostar de alguém eliminasse automaticamente a capacidade de o avaliar. Ou como se, por causa disso, desse gostar, a ausência de crítica destrutiva fosse batota. Ou como se, por ser uma história de amor (o que era Equador se não, também, uma história de amor?), as histórias de amor fossem terreno exclusivo do mulherio. Exclusivo e movediço, onde os homens não ousam colocar os pés, quanto mais os olhos.
Li "No teu deserto" com a mesma sofreguidão com que li "O animal Moribundo" de Philip Roth - de uma penada só. E também, de alguma forma, justa ou injustamente, com essa história na cabeça. A diferença de idades entre o homem e a mulher (mais de 30 em Roth; 15 em MST), a separação tácita entre quem ensina e quem aprende, entre quem fala e quem cala, a carga erótica (mais em Roth, é óbvio), o silêncio, o prenúncio de morte, o final. Há frases de um que poderiam estar no livro do outro. ("A grande partida biológica que nos pregam é que nos tornamos íntimos antes de sabermos alguma coisa acerca da outra pessoa", disse Roth - podia estar neste livro de MST. "O tom de menina habituada a ser bem tratada com que pedia «dás-me lume?», ou me levavam ao engano ou à felicidade, que as duas são coisas que andam frequentemente confundidas", disse MST - podia estar no livro de Roth) Mas li-o também com "Romeu e Julieta" de Shakespeare na cabeça: a saber, desde o início, que Julieta (Cláudia para MST) morre, mas a desejar que por um qualquer insondável milagre, a última frase se altere e ela não tenha mesmo morrido.
E se o livro é realmente um romance, ou quase, o melhor romance é aquele que nos põe lá dentro - e este põe. Que faz doer, se é para doer. E faz rir quando é para rir. Se é um livro de viagens, o melhor livro de viagens é aquele que nos leva na viagem. E este leva. Deixa-nos com areia nos olhos, com pó no corpo, com os ouvidos tapados das alturas, extenuados das horas a fio dentro de um jeep, com fome, com frio, com medo. Com um nó. Deixa-nos especados a olhar para as estrelas. E depois, com a terrível sensação de que acabou muito depressa.
"No teu deserto" é uma carta a quatro mãos, a duas vozes, uma carta sobre o que se não disse numa viagem de 40 dias ao deserto, porque em 1987, ano daquela história, vingava a ideia de que "se tu falares de mais, já não escreves, porque não te resta nada para dizer". Como não disseram, escreveram. Vinte anos depois. Mas Claudia entretanto morreu, e como 20 anos é muito tempo, as cartas, dele e dela, chegaram tarde demais. Talvez nem tivesse havido livro, se não tivesse sido tarde. E não, não se trata de uma compilação de cartas na verdadeira acepção da correspondência, com princípio, meio e fim. São cartas-pedaços, cartas-coisas que se sentiram e ainda sentem. É a carta que testemunha e viagem da qual ele "nunca mais regressará". Nem ela.
E é quase tudo novo neste livro de MST. Pela primeira vez, ele arrisca ser a voz feminina de alguém. Pela primeira vez, escreve um livro autobiográfico - todo ou em parte. Pela primeira vez, está ali a escrever sem medir e sem pesar as palavras. Pela primeira vez, não é preciso separar a voz do narrador da do autor, porque ela é a mesma. "No teu deserto" é absurdamente simples, tão simples que dificilmente podia ser mais bonito. Eu, claro, chorei no fim.
domingo, julho 05, 2009
Grande Miguel Sousa Tavares II
"Odeio o Facebook, odeio o Twitter. Ali, todos têm umas teses extraordinárias. São todos cultíssimos, leves, frescos, trendy, sei lá... O Facebook é a maior ameaça próxima para a história da humanidade. Veio subverter todo o tipo de relações humanas. As pessoas deixam de se encontrar, de se conhecer, queimam as etapas todas, deixam de se olhar, mesmo. Tudo se torna fácil, vão para ali para arranjar namorados, para expor as suas vidas. E ainda por cima é uma perversão total da intimidade! E está tudo radiante a expor as suas vidas privadas no Facebook, contentíssimos, porque têm um feedback instantâneo, julgam que assim não estão solitários. E está tudo fechado em casa, diante do computador!"
Miguel Sousa Tavares, hoje, em entrevista ao Diário de Notícias
sexta-feira, julho 03, 2009
Grande Miguel Sousa Tavares!

Miguel Sousa Tavares, numa belíssima entrevista à Visão.
domingo, abril 12, 2009
Homens Bonitos I
Hoje, o Correio da Manhã, numa rubrica chamada "Separados à Nascença", compara Miguel Sousa Tavares a Jiménez Arbe, mais conhecido por El Solitário, mais conhecido ainda por Ladrão. A comparação é de um mau gosto extraordinário. E nem sequer está em causa o facto de um ser absolutamente notável e o outro não passar de um mentecapto. O que me chateia é que possa comparar-se MST, seguramente um dos homens mais bonitos de país (não sei se deveria dizer mesmo o mais bonito), com quem quer que seja, quanto mais com um bandido!
Subscrever:
Mensagens (Atom)