[Foto: Olívia Bee]
É coisa de homens, de jogo, de combate e rivalidade. E é uma lenda, duas: Kasparov e Karpov, dois russos, dois campeões mundiais de xadrez, dois adversários temíveis, temidos. Defenderam títulos mundias em tabuleiros separados, cruzaram-se, confrontaram-se, disputaram o título mundial da FIDE cinco vezes, e mais tarde, 1984 em duelo, interromperam-lhes, abortaram-lhes incompreensivelmente o jogo antes do cheque-mate. Karpov estava mais perto de vencer. Se perdesse aquele jogo perderia também o título que mantinha há dez anos. Não perdeu nem ganhou - esperou. Até ao ano seguinte. Karpov viria a perder - o jogo e o título. E eles perderam-se. Juro que parece uma história de amor.
Voltam a digladiar-se em 1986, 1987 e 1990. Kasparov vence sempre. As derrotas, mesmo curtas, apertadas, deixam marcas em Karpov, mesmo se se manteve sempre considerado como um dos melhores jogadores do mundo (170 torneios ganhos). Aparentemente, isso não bastava a quem só parecia querer vencer a Kasparov. Mas em 1993, com a saída de campo de Kasparov, Karpov volta a perder – não o jogo, mas a possibilidade de o vencer. Com Kasparov fora de campo, Karpov recupera o título da FIDE, que manteve até 1999. Mas com Kasparov fora de campo, da competição, Karpov começa a perder, também ele, o interesse em jogar, em ganhar. E vai abandonando lentamente o xadrez de competição.
Kasparov e Karpov queriam realmente ganhar um ao outro ou queriam na verdade ganhar-se?
Kasparov começa entretanto a lutar noutros tabuleiros. Em 2005, depois de 20 anos ininterruptos como número um, torna-se activista político. Foi preso pelo menos duas vezes por liderar manifestações contra o regime de Vladimir Putin, contra quem chegou mesmo a candidatar-se. E foi ali, dentro de um cela, que Kasparov voltou a ver, a receber Karpov, entretanto tornado embaixador da UNICEF. Para retribuir o gesto, fê-lo publicamente em Moscovo. E o mundo ficou a saber que entre eles existe muito mais do que apenas rivalidade, mesmo que nunca antes o tenham verbalizado. Não sabe a história de amor?!
E agora, os velhos K&K reeencontrar-se-ão outra vez. Em Valencia, Espanha, na próxima segunda-feira. Agora, depois de um quarto de século passado sobre a altura em que se viram pela primeira vez. Para celebrar essa rivalidade - que é também, só pode ser, respeito. Ou mais. Dura há 25 anos.
É amor. Quase posso jurar.
Kasparov e Karpov queriam realmente ganhar um ao outro ou queriam na verdade ganhar-se?
Kasparov começa entretanto a lutar noutros tabuleiros. Em 2005, depois de 20 anos ininterruptos como número um, torna-se activista político. Foi preso pelo menos duas vezes por liderar manifestações contra o regime de Vladimir Putin, contra quem chegou mesmo a candidatar-se. E foi ali, dentro de um cela, que Kasparov voltou a ver, a receber Karpov, entretanto tornado embaixador da UNICEF. Para retribuir o gesto, fê-lo publicamente em Moscovo. E o mundo ficou a saber que entre eles existe muito mais do que apenas rivalidade, mesmo que nunca antes o tenham verbalizado. Não sabe a história de amor?!
E agora, os velhos K&K reeencontrar-se-ão outra vez. Em Valencia, Espanha, na próxima segunda-feira. Agora, depois de um quarto de século passado sobre a altura em que se viram pela primeira vez. Para celebrar essa rivalidade - que é também, só pode ser, respeito. Ou mais. Dura há 25 anos.
É amor. Quase posso jurar.
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