[Recebi este comentário de um senhor chamado Carlos, a quem agradeço. Achei que devia ter a visibilidade de um post. Reproduzo-o com a devida vénia.]
Srs Directores da Escola, Srs Professores, Srs Funcionários, Srs do hospital que assistiram o Leandro, Srs da Associação de pais, Srs do ME e em geral a todos os que podiam ter ajudado, directa ou indirectamente, uma vítima inocente:
Se eu não tivesse feito tudo o que estava ao meu alcance para ajudar o pequeno Leandro. Se eu, por ter erguido uma barreira, tivesse impossibilitado um pedido de ajuda. Se me chegasse um relatório a dizer que na Escola não existiam casos de bullying, e eu não tivesse entrado em alerta, porque sei que em todo o lado há casos de bullying. Se um aluno meu tivesse sido hospitalizado por agressão, a mãe tivesse já vindo à Escola implorar ajuda, e enquanto se procura o corpito do filho eu viesse dizer aos jornais que na minha escola não há registos de casos...
Então, meus senhores, eu não conseguiria viver com a imagem da criança a fugir dos agressores, vendo durante anos, toda a gente a virar a cara ao lado sonhando com uma reforma dourada. De noit,e eu iria acordar com o pesadelo da minha culpa por omissão, no homicídio por negligência grosseira, vejo-o a despir-se, a gritar que não aguenta mais, a saltar, entrar na água gelada e sobretudo a despedir-se de todos nós enviando uma última mensagem, que cobardemente? eu fingi durante anos não perceber, e mesmo hoje mais não faço do que sacudir a água do capote.
Então, meus senhores, não aguentando o peso da culpa, eu me afogaria nas águas do Tua, procurando o perdão do pequeno Leandro e do seu irmão gémeo que a tudo assistiu impotente.
Que Deus vos perdoe que eu não posso.
Nota para o Leandro:
Apesar de nunca te ter conhecido, sinto que também eu, enquanto cidadão deste País atrasado, sou em parte culpado. Repousa em paz.
Carlos.
Se eu não tivesse feito tudo o que estava ao meu alcance para ajudar o pequeno Leandro. Se eu, por ter erguido uma barreira, tivesse impossibilitado um pedido de ajuda. Se me chegasse um relatório a dizer que na Escola não existiam casos de bullying, e eu não tivesse entrado em alerta, porque sei que em todo o lado há casos de bullying. Se um aluno meu tivesse sido hospitalizado por agressão, a mãe tivesse já vindo à Escola implorar ajuda, e enquanto se procura o corpito do filho eu viesse dizer aos jornais que na minha escola não há registos de casos...
Então, meus senhores, eu não conseguiria viver com a imagem da criança a fugir dos agressores, vendo durante anos, toda a gente a virar a cara ao lado sonhando com uma reforma dourada. De noit,e eu iria acordar com o pesadelo da minha culpa por omissão, no homicídio por negligência grosseira, vejo-o a despir-se, a gritar que não aguenta mais, a saltar, entrar na água gelada e sobretudo a despedir-se de todos nós enviando uma última mensagem, que cobardemente? eu fingi durante anos não perceber, e mesmo hoje mais não faço do que sacudir a água do capote.
Então, meus senhores, não aguentando o peso da culpa, eu me afogaria nas águas do Tua, procurando o perdão do pequeno Leandro e do seu irmão gémeo que a tudo assistiu impotente.
Que Deus vos perdoe que eu não posso.
Nota para o Leandro:
Apesar de nunca te ter conhecido, sinto que também eu, enquanto cidadão deste País atrasado, sou em parte culpado. Repousa em paz.
Carlos.
Apesar de esta ser uma visão legitima, como outra qualquer, quando se olha focado apenas para um ponto da realidade tudo o resto se desfoca. A Escola tem responsabilidade se não respondeu aos alertas, mas será a única que não soube interpretar os sinais daquela criança em sofrimento?
ResponderEliminarconhecia-te como ninguém...
ResponderEliminarpara mim eras um grande amigo...
mas foste e não voltares...
descansa em paz nino lindo...
adoro-te...