quinta-feira, junho 29, 2006

"A minha mulher"

"Tenho observado, no correr dos anos, que todos aqueles que se preocupam demasiado, que se aborrecem, que não estão tranquilos e perdem a coragem são aqueles mesmos que têm culpas no cartório e sentem a consciência pesada, e também os medrosos e os cobardes. Os homens honestos, ousados e corajosos encaram a vida com alegria."
Anton Tchekov in "A minha mulher"

quarta-feira, junho 28, 2006

Quiz III

E quando de repente o que era essencial perde o sentido? E percebemos que nos enganamos no sonho como quem se engana numa rua e toca à campainha da porta errada? E se nos esquecermos do caminho de regresso?

terça-feira, junho 27, 2006

Os amigos de Dean/ The Chumscrubber


"Nunca tentes parecer aquilo que não és. Se passares muito tempo a fazê-lo vais esquerecer-te que estás a fingir. E os outros também".

segunda-feira, junho 26, 2006

Amar o amor

"Exalta-me o pensamento de uma tarefa tão grande que deixa longe e para trás a pessoa que me serviu de pretexto: sacrifico a imagem ao imaginário. E se chegar o dia em que tiver que renunciar ao outro, o luto violento que então de mim se apoderar é o luto do próprio imaginário: era uma estrutura querida e choro a perda do amor, não a deste ou daquele."
Roland Barthes in "Fragmentos de um discurso amoroso"

domingo, junho 25, 2006

Diário do Mundial

Portugal 1 - Holanda 0. Sofremos como cães. Chegamos ao fim só com nove jogadores. Perdemos o Cristiano Ronaldo, que levou uma das maiores traulitadas do Mundial e o Dequinho, que recebeu um dos mais injustos cartões amarelos de sempre. O Costinha não merece comentários. E Maniche, que já tinha ameaçado marcar no último jogo, esteve lá. Grande golo!Ganhamos outra vez! Entre 20 amarelos e quatro vermelhos pareceu valer quase tudo.

sábado, junho 24, 2006

S. João na Casa da Música

Nem sempre é possível começar outra vez. Começar como se nada tivesse existido antes. Mas, às vezes, acontece. A Casa da Música começou ontem outra vez. Excluindo Miragaia, foi talvez o local com maior concentração de gente.
Confesso que duvidei da adesão da cidade à Orquestra Nacional do Porto num dia em que, teoricamente, a folia será menos exigente. Duvidei ainda da escolha de Jorge Palma (por muito que goste dele) e do regresso ao passado com os "Taxi". Mas há alturas em que enganarmo-nos sabe melhor do que ter razão. Enganei-me e soube-me bem. O público, dentro do tenebroso-por-fora-belíssimo-por-dentro auditório desmontável, aplaudiu as peças de Tchaikovsky, Brahms e outros compositores de pé, trauteou as canções todas de cor com o carismático autor de "O bairro do amor" e agradeceu a reunião exclusiva do grupo português dos anos 80 que canta "chiclete, usa, mastiga e deita fora" e outras pérolas. Houve um fio de emoção que percorreu baixinho, tímido, discreto a pele de algumas pessoas. Pessoas dos tempos das rádios piratas, das bandas de garagem. Eu estava lá; eu vi. E isso tornou aquilo ainda mais bonito.
Não foi perfeito? Não sei se teria que ser. Sei que, por uma vez, a Casa da Música foi de todos. E por uma vez foi bom sentir, mais do que simplesmente perceber, a razão da sua existência.

sexta-feira, junho 23, 2006

Sex, it's just what the doctor ordered.

Nem tudo é perfeito no Japão. Escreveu a Reuters (obrigada a quem me mostrou o take):

"Japanese people simply aren't having sex". Dr. Kunio Kitamura, a gynecologist and the director of the Japan Family Planning Association, told The Japan Times, adding that more sex is needed to reverse Japan's plummeting birthrate. He spoke after an association survey of 936 people between the ages of 16 and 49 showed that 31 percent had not had sex for more than a month "for no particular reason." Last year, Japan's fertility rate — the average number of children a woman bears in her lifetime — fell to an all-time low of 1.25. Demographers say a rate of 2.1 is needed to keep a population from declining.

30 segundos em Miragaia

Não tem mais de 12 anos, mesmo que o corpo, tronco nu musculado, moreno às listas, possa enganar. "Primeiro, levava na rua, chegava a casa e levava outra vez. Agora não. Se levo também dou. Seja onde for. Por isso, não sejas burro", aconselha o rapaz, áspero, para o outro, ainda mais novo, que leva ao lado e o ouve atentamente.

Diário do Mundial


Brasil 4 - Japão 1. Foi uma pena. O Japão devia ter passado. Pode não parecer, mas o Kawaguchi esteve bem.

quinta-feira, junho 22, 2006

Julgamento


Gisberta ou Gisberto; transexual ou travesti. Pouco importa. Morreu. Foi assassinada por 14 menores, que serão julgados à porta fechada no próximo dia 3 de Julho. Coincidência estranha: afinal, não são 14 crianças; são 13. O único rapaz que, por ter 16 anos, poderia, à luz da lei portuguesa, ser efectivamente preso, afinal não estava lá.

"Os treze menores (que estavam sob responsabilidade da Oficina de S. José) vão responder por homicídio na forma tentada, com dolo eventual, e profanação de cadáver, também na forma tentada. O Ministério Público pretende também que lhes seja aplicada a pena de internamento. Sendo todos menores de 16 anos, poderão passar os próximos três em centros geridos pelo Instituto de Reinserção Social, com regras muito idênticas às das cadeias comuns", noticiou ontem o Público.
Três anos é a pena máxima para quem mata um sem-abrigo. Pergunto-me: E se em vez de ter sido um excluído fosse um cidadão com família, com dinheiro, com tudo? Que indemnização haveria de ser cobrada ao Estado?

quarta-feira, junho 21, 2006

Diário do Mundial

Portugal 2 - México 1. Foi a vitória possível com uma equipa que não é titular e que dificilmente conseguiria jogar pior. Salvou-se Maniche, eleito pela imprensa alemã como o jogador mais feio do Mundial.

terça-feira, junho 20, 2006

Jornalismo

Factos são factos. E os factos cabem em qualquer jornal. As histórias bem contadas, as entrevistas, as reportagens também. E quem não gosta do sabor eléctrico de uma cacha? Depois, haverá publicações com mais espaço para o fait-divers, para a treta, para o people (essa invenção aberrante dos tempos modernos) ou para o que Vasco Pulido Valente designa como "o bebé, o cão e a namorada". Mas o essencial do que define o jornalismo cabe em qualquer jornal. Se a essência cabe lá, por que razão não está lá? Por que razão estão os jornais cada vez piores? Se tudo é possível em todas as publicações, o que move tantos jornalistas a quererem desesperadamente mudar de jornal?
(Vem isto a propósito da notícia publicada na edição de anteontem do Público: O grupo fundador do semanário Sol recebeu 600 currículos, dos quais escolheu cerca de 200 para testes de selecção de jornalistas. Nas centenas de currículos que recebeu, encontrou muitas situações de precariedade, mesmo de pessoas em cargos de chefia, mas também pedidos de emprego de licenciados há muito desempregados...)
Tenho uma teoria para a necessidade de mudança, que não se prende com as situações de escândalo salarial que, obviamente, também existem. E como falo de mudança, excluo desta teoria todos os licenciados desempregados ("Em Portugal há 40 cursos de Comunicação e Jornalismo, nos quais entram anualmente 2500 estudantes. Segundo dados da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista, há 6795 jornalistas com título profissional, dos quais 390 são estagiários e 241 estão desempregados.") à procura de exercer, eventualmente pela primeira vez, a profissão.
Não conheço nenhum jornalista que o tenha desejado ser para escrever sobre "o bebé, o cão e a namorada". Não duvido que exista, mas eu não conheço. Também não conheço nenhum jornalista que tenha crescido com a convicção de que o jornalismo seria a melhor profissão para enriquecer, embora haja quem consiga viver refasteladamente no exercício das suas funções jornalísticas. Mas conheço jornalistas (e, felizmente, ainda conheço bastantes assim) que o quiseram ser pela necessidade intrínseca de escrever. Escrever para noticiar; escrever para denunciar; escrever para educar; escrever para divulgar; escrever para partilhar; escrever para ajudar a melhor o estado das coisas. Porque o jornalismo é uma dessas profissões que não existe (ou não deveria existir) sem a absoluta consciência da esfera ética, que nos exige respeito, lealdade, verdade.
Ora, de que vale assinar a mais brilhante manchete de um jornal, denunciar a maior das corrupções, salvar a última das criaturas do mundo, quando não se é capaz de respeitar o colega do lado? É esta gritante falta de respeito, desculpada com o eterno argumento de que "em todo o lado há gente boa e má", e tantas vezes alimentada e protagonizada por direcções demasiado imberbes, que invejam em vez de se regozijarem com o trabalho dos seus jornalistas, que leva ao cansaço e, consequentemente, à desmotivação e à necessidade de procurar noutras paragens o que deveria ser a regra em qualquer redacção.
("Todos procuram um emprego no novo semanário Sol, que estará nas bancas em Setembro. Mas poucos vão conseguir.")
Conheço, infelizmente, demasiados ex-jornalistas que há cinco ou seis anos não imaginavam que pudessem deixar de o ser; que não concebiam ser outra coisa. Hoje são professores, assessores, relações públicas... Perguntem-lhes se deixaram de o ser apenas porque ganhavam menos do que qualquer funcionário de um centro comercial.

As profecias de VPV

Pode gostar-se mais ou menos. Concordar-se ou nem por isso. Mas é sempre bom ler Vasco Pulido Valente. Desta vez, na sala de entrevistas do Público:
Cavaco Silva: "A única coisa séria que um Presidente pode fazer é dissolver a Assembleia da República, e é por isso que não percebo muito esta discussão sobre o que fez ou não fez nestes seus três primeiros meses. Mas como o único poder relevante é o de dissolver, se chegar esse momento, será julgado pela decisão que tomar."

Mário Soares: "Não se devia ter candidatado (às presidenciais) naquelas condições. Só o devia ter feito tendo a garantia prévia da unidade de toda a esquerda atrás dele. Com toda a gente alinhada, era bem capaz de ter ganho, mas aquela estratégia que aceitou, ou a que se resignou, de ir cada um encher a sua própria casa para depois juntar todos esses eleitorados numa segunda fase era suicida. Até porque agravava as divisões..."
José Sócrates: "Não havia nenhuma expectativa, ninguém o via como salvador, e a prova disso é que fez tudo ao contrário do que prometeu na campanha eleitoral e continua com sondagens óptimas. Isso só se explica porque nunca ninguém esperou muito dele. (...) O que Sócrates tem feito é aparar a sebe: quando este ou aquele ramo da despesa cresce um bocadinho mais, ele vai lá e apara. Um bocadinho nas pensões, um bocadinho nas despesas... Não vai realmente à raiz dos problemas e não se lhe vê uma visão de conjunto."
Marques Mendes: "Seria um bom primeiro-ministro. É uma pessoa organizada, é uma pessoa com visão e é uma pessoa firme. Teve muitos actos de coragem e clarividência, desde as participações no congresso até ter sido o primeiro a dizer que Santana não podia continuar depois daquela derrota."
Governo: "Devia ser mais pequeno. Para além do Ambiente, devia-se reduzir drasticamente a Cultura, ter um Ministério da Ciência é um completo disparate. Com a importância que a Agricultura tem nosso país, bastava uma Secretaria de Estado. Metade daquela gente que há no Ministério dos Negócios Estrangeiros bastava."
Sociedade portuguesa: "Não conhecem a história do pobre? Deram-lhe uma vaca, disseram-lhe para começar por aproveitar o leite, para depois deixar que tivesse vitelos, a seguir vendê-los e por aí adiante. Quando viraram as costas, o pobre matou e comeu a vaca. Quem viveu uma experiência de pobreza, essa cultura atávica, quando as coisas estão boas, aproveita."
Ensino superior: "Tem de se olhar mais para as universidades privadas, exigir-lhes um mínimo de doutoramentos por ano, impedir que utilizem professores das universidades públicas. Mais: as universidades privadas não deviam ter subsídios do Estado. O que as universidades têm de fazer é viver das propinas, é concorrer pelos melhores professores. O mesmo devia suceder com o ensino secundário privado, que devia ser fomentado. O que depois tinha de acontecer é poder-se descontar nos impostos o custo das propinas."
Política camarária: "É ainda pior do que a política nacional. Talvez seja a pior de Portugal."
Jornalismo: "Se no meu jornal tirasse sempre o bebé, o cão, a namorada, chegava ao fim com um jornal óptimo, que ninguém lia. Há umas concessões que se têm de fazer para sobreviver."

sábado, junho 17, 2006

Hard Candy

Não é exactamente um daqueles filmes obrigatórios, mas vale a pena ver.

Diário do Mundial



Aqui está a resposta para quem disse que a ausência de Deco não foi relevante no jogo Portugal-Angola. Grande, GRANDE DECO!!!!

sexta-feira, junho 16, 2006

Eu é que sou a padroeira!

Numa sebenta dedicada às festas do S. João no Porto, que anda a ser distribuída por aí, Rui Rio assina um texto no qual diz que "S. João Baptista é o padroeiro da cidade", assegurando que "a população portuense nunca se poupou a esforços na organização das comemorações em sua honra". Está enganado e fica-lhe mal. A padroeira do Porto é a Nossa Senhora da Vandoma. A lenda vem explicada num dos sites mais concorridos da cidade (www.portoturismo.pt) e a santa tem inclusivamente uma imagem do século XIV na Sé Catedral. Não deveria um autarca saber isto?!!

Mário Ventura 1936-2006


Conheci-o há três anos no FESTROIA-Festival Internacional de Cinema de Tróia, do qual foi fundador e impulsionador. Nessa edição, Mário Ventura Henriques, jornalista e escritor, estava triste porque tinha perdido o apoio do ICAM e temia que o certame, que inaugurou em 1984, não voltasse a repetir-se. Mas voltou.
O homem que mereceu o prémio de literatura do Pen Clube Português foi internado no Hospital Pulido Valente, em Lisboa, há oito dias, mal acabou a maratona cinematográfica deste ano. Faleceu hoje de madrugada.

100 dias de Cavaco Silva

As principais mudanças implementadas pelo novo PR e os acontecimentos mais marcantes dos seus três meses de mandato:
1. Mudou o figurino das reuniões de quinta-feira, deixando de reunir com o primeiro-ministro no sofá e passando para uma mesa de trabalho;
2. Acabou com as presidências abertas e criou o conceito de roteiros temáticos;
3. Fez sete discursos políticos: no 10 de Junho, nos 75 anos da Universidade Técnica; na assembleia geral da Cotec, nos dia da Europa, no 25 de Abril, na posse dos representantes da República nas regiões autónomas e na sua própria tomada de tome;
4. Remodelou o site da PR, disponibilizando novos conteúdos, como a página do Roteiro da Inclusão ou do 10 de Junho;
5. Vetou uma lei (da Paridade) e promulgou 83 diplomas, o primeiro dos quais respeitante à aplicação do tratado de Bolonha;
6. Visitou quatro serviços do Hospital D. Estefânia no seu primeiro acto oficial em Portugal, mas fora do Palácio de Belém;
7. Recebeu os chefes de estado ou governates de, pelo menos, dez países, e ainda os diplomatas de 15 nações;
8. Foi e veio, no mesmo dia, à tomada de posse do PR de Cabo Verde, naquela que foi a sua primeira deslocação ao exterior;
9. Visitou as forças de intervenção portuguesas na Bósnia-Herzegovina e no Kosovo;
10. Pediu a Jorge Sampaio que representasse Portugal na tomada de posse do novo chefe deEstado da Costa Rica, Oscar Arías;
11. Assistiu à final da Taça de Portugal de Futebol, no Estádio Nacional.
(Fonte: Visão)

quinta-feira, junho 15, 2006

Soco no estômago

Tem os pés descalços. Melhor, um dos pés. O outro não existe. Nem a perna. Tem o cabelo sempre todo emaranhado, espécie de confusão de rastas involuntárias. E sobre a pele morena, uns olhos verdes, grandes, luminosos, que desviam a atenção dos olhares dos outros da cadeira de rodas onde está sempre depositada, ali, no meio da estrada, quase sempre em frente ao Hotel Ipanema Park, a caminho da Foz. Os carros passam, desviam-se. Às vezes param. Ela rodopia, nunca sorri, estende a mão e regressa à linha que divide as duas faixas de rodagem. Quando há jogos do Mundial e a cidade fica vazia, ela continua lá. Quando os trovões caem do céu para se estatelarem no chão como caixas de sapatos com lâmpadas, também.

Quiz II

Perguntaram-lhe o que é melhor: ter razão ou ser feliz? Ela sorriu, mas não foi capaz de responder.

Super-Homem

O mundo continua a rodar, feroz, na sua imensa estranheza, arrastando-nos nessa tempestade cega, tresloucada. Ficamos perdidos, afastados às vezes. Esquecidos como um bilhete no fundo de uma gaveta. E depois devolve-nos o essencial em pequenas coisas, lembranças, sentimentos, pedaços da vida onde te reencontro sempre. Basta uma frase - "Quem é o inimigo?" - vinda de Londres (ou de Buenos Aires?) para saber que estás aí e aqui. E aqui dentro. E que te terei sempre, da mesma forma que, mais silenciosa do que gostaria, também me tens desde o dia em que, pela tua mão, bebi a única vodka-limão da minha vida. Tu eras o super-homem a dançar reggae fora da tenda. Eu era um falso protótipo de uma Lois Lane perdida, cuja lealdade resgataste para sempre. "Eu gostava de ti porque éramos grandes, mas gostava como se fossemos pequeninos. E acho que deve ser assim para sempre", disseste antes de ires embora. É assim que vai ser. Que vamos ser. Para sempre.

quarta-feira, junho 14, 2006

Che Guevara 1928-1967

"Acima de tudo procurem sentir no mais profundo de vocês qualquer injustiça cometida contra qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. É a mais bela qualidade de um Revolucionário."
Che Guevara faria hoje, se fosse vivo, 78 anos. Como dizia alguém, "o cemitério está cheio de pessoas insubstituíveis".

terça-feira, junho 13, 2006

Boxe psicológico

Uma dica ao inimigo: um berro e caio logo no primeiro assalto. Dispenso os outros doze. A luta de punhos acaba ali. Nocaute. É uma fraqueza, é verdade. E um alívio esta total incapacidade para desferir golpes baixos.

segunda-feira, junho 12, 2006

Diário do Mundial

Portugal ganhou a Angola com um golo. O único. Filipe Scolari afirmou não entender porque razão a Selecção da qual é responsável teria que ganhar por cinco ou seis. Luís Figo foi o homem do jogo. Cristiano Ronaldo olhou para o céu, para o chão, para as unhas, mas não fez muito mais do que isso. Levou um cartão amarelo para mostrar que continua igual a si próprio. Simão Sabrosa agradeceu a lesão de Deco. Maniche esteve quase lá. O povo comemorou o resultado. Os políticos, ouvidos no fim dos 90 minutos, também. Há vários jornalistas, em estágio na Alemanha, a enviar diários. Só o de Manuel Assunção merece realmente ser lido.

quinta-feira, junho 08, 2006

Do Japão


Confirmei numa caderneta do Mundial 2006: o Japão tem os homens mais bonitos do mundo. Já tinha as mulheres. E as histórias infantis e os desenhos animados e o cinema e os gadgets. Tem também os homens. Definitivamente.

terça-feira, junho 06, 2006

Gaia dá o exemplo

Luís Filipe Meneses, presidente da Câmara Municipal de Gaia, acolheu o Teatro Experimental do Porto; Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, ignora a cultura indiscriminadamente. Meneses quer potenciar a Feira do Livro do Porto; Rio cortou o subsídio ao certame literário. Meneses empregou quase duas mil pessoas no Corte Inglês; Rio rejeitou o projecto comercial. Agora, Meneses vai investir um milhão de euros na recuperação de bairros sociais; Rio insiste na estratégia: demolir e não voltar a construir.
Será que Meneses não quer ficar também com o Museu da Ciência e da Indústria, que Rio quer transferir para Santa Maria da Feira?

Educação sob câmara oculta

Na passada terça-feira a RTP exibiu um já muitíssimo revisto, discutido e analisado documentário sobre a violência nas escolas, assinado pela jornalista Mafalda Gameiro. A reportagem que deveria ter levado o Ministério da Educação - justamente em fase de remodelação do sistema -, a repensar imediatamente uma série de pressupostos, levou-o antes a averiguar a legitimidade dos jornalistas usarem câmaras ocultas, ainda que com o consentimento da escola em causa. Será de mim ou a perspectiva sobre a generalidade dos assuntos deste país está virada do avesso?

sexta-feira, junho 02, 2006

Falta de paciência


Não há paciência para a Selecção Nacional. Para os 3500 directos diários, na televisão e na rádio, a propósito de tudo e de nada. E para os comentadores que comentam esse nada. Até Cavaco Silva se sentiu na obrigação de fazer o prognóstico, não fosse ele perder o comboio! Para as despedidas de Évora, de Lisboa. Para as chegadas a Lisboa, a Évora, ao Luxemburgo. Para as bandeiras que começam a polvilhar as janelas. Para Scolari e o seu discurso do carinho. Para as cantigas de Olavo Bilac e da irmã do Cristiano Ronaldo - não sei qual é pior! Para o mulherio a fazer parte da bandeira humana, a perseguir autógrafos, a manifestar a sua ira porque os jogadores não pararam no aeroporto, mas pararam em Évora e "isso é uma injustiça" para quem estava ali com um trapo à espera de ser assinado. Para as pessoas que vêm da Austrália, dos EUA, do raio "só para os apoiar".
Resta paciência para a paciência que Bernardo Ferrão acaba de demonstrar no directo matinal da Sic.